A rotina de muitas famílias ribeirinhas e quilombolas de Magé, na Região Metropolitana do Rio, está prestes a mudar. Com a chegada de tecnologias sustentáveis, como painéis solares, biodigestores e sistemas de captação de água, moradores de Feital, Suruí, Matinha, Bongaba e Piedade terão acesso a energia renovável, saneamento básico e água potável de qualidade.
A iniciativa faz parte da Chamada de Projetos em Educação Ambiental, desenvolvida pelo Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (FUNBIO) e viabilizada pelo Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) da PRIO, maior empresa independente de óleo e gás do Brasil. Além das residências, três organizações comunitárias também serão beneficiadas: o Quilombo de Feital, a Associação Luthando pela Vida e a Associação de Caranguejeiros e Amigos dos Mangues de Magé (ACAMM).
Transformação no dia a dia das comunidades
Para muitas famílias da região, a ausência de saneamento e eletricidade acessível sempre representou um desafio diário. Atualmente, moradores precisam recorrer a geradores a diesel, que além de poluentes, são caros e barulhentos. Com os painéis solares, essas comunidades terão acesso a uma fonte de energia estável, renovável e sem custo adicional.
O saneamento também é uma questão crítica. Com a instalação de biodigestores, os dejetos das casas serão transformados em biogás, permitindo que os moradores cozinhem sem depender de gás engarrafado, reduzindo gastos e impactos ambientais. Já a fossa séptica com plantação de bananeira ajuda a tratar o esgoto de forma natural, evitando a contaminação do solo e da água.
O acesso à água potável também será garantido por meio de cisternas e filtros de barro, que permitirão o armazenamento e a purificação da água captada da chuva ou de fontes locais. Para muitas famílias, isso representa uma melhoria significativa na saúde e na qualidade de vida, reduzindo a incidência de doenças causadas por água contaminada.
“A falta de saneamento básico e água potável é um dos fatores que promovem doenças graves na nossa comunidade. Ações sustentáveis como essas transformam não só a vida das pessoas individualmente, mas também coletivamente”, destaca Lucimar Machado, coordenadora do projeto Vozes do Mangue e presidente da Associação Luthando pela Vida.
As instalações começaram em fevereiro e devem ser concluídas em 12 meses. O projeto também prevê formações para que os moradores possam manter as tecnologias e replicá-las em outras comunidades.
A iniciativa faz parte do TAC Frade, firmado após o acidente ambiental de 2012 na Bacia de Campos, e que passou para a gestão da PRIO em 2019, quando a empresa adquiriu o Campo de Frade. O FUNBIO coordena a seleção e o acompanhamento das organizações beneficiadas, garantindo a execução dos projetos sustentáveis.