O DIÁRIO DO RIO entrevistou Roberto Anderson, que é professor da PUC-Rio. Formou-se em arquitetura e urbanismo pela UFRJ, onde também se doutorou em urbanismo. Trabalhou no setor público boa parte de sua carreira. Atuou na Fundrem, na Secretaria de Estado de Planejamento, na Subprefeitura do Centro, no PDBG, e no Instituto Estadual do Patrimônio Cultural – Inepac, onde chegou à sua direção-geral.
Ele faz suas críticas ao projeto Reviver Centro, em especial à operação interligada e diz que é um equívoco retirá-lo do Plano Diretor e não ter incluído a Zona Portuária. Pontua, ainda, que o Porto Maravilha não deu certo, como exemplo de ação do Eduardo Paes. E que o Centro do Rio não é homogêneo, com várias diferenças entre suas regiões. E diz que o Reviver Centro não contempla os mais pobres.
Anderson também fala sobre a favelização do Rio de Janeiro, lembra que as primeiras começaram no Centro do Rio, especialmente depois de ações do prefeito Pereira Passos. Elogia o Favela Bairro e o ex-prefeito do Rio Cesar Maia. E fala de formas de frear a favelização da cidade.
Comenta sobre o Rio de Janeiro como capital arquitetônica do mundo, e critica a atual arquitetura da cidade, que foi voltada para o mercado imobiliário e não atentou a qualidade. Deseja que isso volte agora.
Avalia os 6 primeiros governos de Eduardo Paes, reclama que em 2016 todos os projetos foram virados para as Olimpíadas, lamenta que Marcelo Crivella foi eleito para cuidar da cidade e nada fez. Diz que Paes já está tentando ajudar as pessoas, mas acha ruim ele separar o licenciamento urbanístico do Planejamento Urbanístico. E torce para que Paes não caia na tentação de tentar obras faraônicas neste momento, e que aposte nas pequenas obras.
Roberto Andeson comenta da sua exoneração da Prefeitura do Rio, devido a uma crítica feita na internet contra o presidente Bolsonaro que gerou uma mobilização nas redes, e acabou sendo vítima da cultura do cancelamento.
O urbanista diz que na década de 1990 uma pesquisa da Universidade de Paris mostrou a capacidade construtiva do Porto, Caju e São Cristóvão, com um potencial gigantesco, e que poderia congelar a construção em outras áreas e priorizar estas áreas. Ressalta a proximidade do Caju com a UFRJ que poderia ser facilmente vencida com o uso de barca. Além da mudança dos cariocas da Zona Norte para a Zona Oeste, e que é preciso repensar a Zona Norte.
Anderson termina falando de sua vida política, de suas candidaturas e diz que está ajudando a pré-campanha de Marcelo Freixo (PSB), e como a questão urbanística esté intimamente ligada à questão econômica. Das perdas que o Rio sofreu nas últimas décadas, e que agora a cidade se encontra em uma crise de identidade e não encontra a sua vocação, seu destino.