Entrevista com Brent Alan James a André Delacerda

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Por André Delacerda.

brent Entrevistei o americano de alma carioca, escritor e doutor em Literatura Brasileira pela Universidade da Califórnia, Brent Alan James, escritor do livro Carnival King, que atualmente vive na Espanha e que retorna ao EUA em breve. Que revela em sua entrevista um profundo encanto pelo Rio, por sua gente em especial, pois já morou e trabalhou na cidade na década de 90.

Brent diz que refuta o rotulo de “Cidade Dividida” para o Rio, como muitos querem rotular a cidade. Ele inclusive destacando os encantos da Zona Norte, o que é uma surpresa novamente, já que a maioria dos estrangeiros conhece o Rio das praias e da Zona Sul.

Ele também fala do seu novo livro que trata do Rio antes das reformas de Pereira Passos – ainda que não concorde totalmente com este processo em busca da modernidade, que ocorreu à época -. Neste novo livro, Marvelous City, uma das histórias interessantes, para não dizer pitoresco. São as investigações sobre a virgindade das moças, o que era muito comum à época. 

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André Delacerda – Como começou seu interesse pelo Rio de Janeiro? Porque o Rio te inspira como cenário para seus livros?

Brent James – Estudei no Rio no ano de 1993 e fiz um estágio no Consulado Americano ai em 1997, então é a cidade brasileira que mais conheço. E, claro, quem passa um tempinho no Rio, acaba encantado – principalmente nós gringos. 

Como escritor, o Rio me inspira como cenário por várias razões. Uma delas é a paisagem. Poder falar do mar, dos morros, do verde, etc. É um prazer que poucos escritores resistirão. Mas, sobretudo, é o papel importante que o Rio ocupa na história do Brasil, que faz dela o cenário lógico e perfeito para meus livros, como capital da Colônia, da República, etc.

Carnival KingAndré Delacerda – Você escreveu um livro ambientado no Rio e que se chama o Rei do Carnaval, do que trata o enredo?

Brent James – Sim, é “Rei do Carnaval, no sentido de Rei Mono, ou aquela pessoa que é Rei por só uma semana, um mês, etc. Por casualidade, sorte ou erro. O enredo é mais ou menos simples e tem o plebiscito de 1993 como ponto de partida, aquele em que os brasileiros decidiram qual tipo de governo queriam. Claro, escolheram a democracia presidencial, mas a monarquia era uma das opções. Então, imaginei o que teria acontecido se tivessem optado por um Rei e não um presidente. Quem – e como seria este Rei, e o que faria ele?

Bom, o Rei do meu romance não tem nada a ver com um príncipe encantado, nem com os Guilhermes e os Enriques que realmente existem hoje em dia. É um homem normal, desastrado socialmente, falastrão – esquisito,  todos os chamariam. Mas durante este “terceiro reinado”, ele aprende muito sobre o seu país e sobre si mesmo e consegue inspirar o povo brasileiro a lutar pela paz e pela igualdade. Não posso dizer o que acontece com ele, ou porque era escolhidos, mas importante são as amizades que ele cria no Rio com todo tipo de carioca.

André Delacerda – O que você como americano, destaca de bom na cidade do Rio?

Brent James – Eu diria algo como: a paisagem demográfica, se isso faz sentido. Quer dizer, as pessoas, e o meio em que se encontram. Já é uma banalidade chamar o Rio de “Cidade Dividida” ou algo assim, mas é esta mistura, ou diversidade, que fascina os grigos. No inicio todo mundo gosta das praias. Depois você aprende a apreciar também os bairros da Zona Norte, do Centro. Dizem que Machado de Assis saiu muito pouco da cidade e eu entendo porque. Há de
tudo lá dentro.     

André Delacerda – Estamos sabendo que em breve você irá lançar um livro que tem um título bastante sugestivo – Marvelous City. Você poderia nos contar um pouco desta história?

Brent James – Tenho uma má noticia; o título é bastante irônico. Quer dizer que o romance pretende capturar a cidade justo antes que se tornasse a “Cidade Maravilhosa”, dos postais e tudo. É um (quase) romance policial ambientado no Rio de 1904, na véspera das reformas do Prefeito Pereira Passos. Então fala de sujeira, das doenças, dos cortiços, etc. 

Tampouco vejo as reformas como algo totalmente positivo e critico bastante este cego desejo de ser moderno a todo
custo.

Digo o romance é “quase” policial porque, sim, há um crime, mas o detetive é um policial muito jovem que apenas sonha em ser o verdadeiro Sherlock Holmes. E, além do caso de homicídio, há uma investigação sobre a virgindade de uma jovem doméstica, uma questão que era bastante comum na época. Enfim, estamos seguindo o processo em qual o protagonista se torna mais “maduro” em todos os sentidos.  

André Delacerda – Estamos no ano em que se comemoram os 200 anos de chegada da Família Real Portuguesa ao Rio. Na sua opinião, qual a importância da vinda da corte para a Cidade Maravilhosa?

Brent James – Pode parecer irônico para alguém que escreveu um livro sobre o tema dizer isto. Como escrevo nas
primeiras páginas de “Carnaval king” o Rio mudou bastante por causa da vinda da corte, mas a cidade teria mudado sem a presença também. É importante no sentido de que toda a nossa história é importante, já que faz parte do que somos.

Mas no meu livro, os escravos e os vendedores ambulantes possuem a mesma importância quem tem o Rei, pois podem mudar a trajetória da nossa história.   

André Delacerda – Para encerrar deixe uma mensagem para seus leitores cariocas.

Brent James – Mando um cordial “salude”  …. e meus agradecimentos. 

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