Escondido na Baixada, Pantanal Iguaçuano é uma riqueza a ser preservada

Área é um santuário localizado na Área de Proteção Ambiental do Rio Guandu e abriga um grande diversidade de aves e peixes. Apesar da sua importância, o Pantanal sofre inúmeras agressões ambientais

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Pantanal Iguaçuano - Reprodução Rede Social

O Estado do Rio de Janeiro é detentor de grande beleza e diversidade ambiental, por isso, os principais destinos fluminenses são tão procurados por turistas, especialmente, os nacionais. O que poucos sabem é que a Baixada Fluminense também guarda os seus encantos, entre eles: o Pantanal Iguaçuano, localizado na Área de Proteção Ambiental (APA) do Rio Guandu. No local, espécies, como o passarinho garibaldi, biguás, tucanos-toco, gaviões-caramujeiros, além dos peixes robalo, tilápia, apaiari-tigre, e espécies de patos, resistem às agressões humanas. Mas os animais não estão sozinhos, pois a comunidade local já percebeu a importância do ecossistema para a região.

A área é um santuário, que tem em Edson Monteiro, um dos seus guardiães.  Edson, que é de Recife (PE), chegou à Nova Iguaçu há 28 anos. Sem emprego, muitas vezes, ele e a família não tinham o que comer. Então, para sobreviver, Crocodilo Dundee, como é conhecido por pessoas da região, caçava animais no Pantanal Iguaçuano. A prática era veementemente reprovada pela sua mãe. Foi ela, aliás, quem alertou Edson sobre a necessidade de proteger a fauna e a flora locais. O que foi atendido pelo filho, que passou a se dedicar ao replantio de árvores. Atualmente, ele trabalha como guarda ambiental.

Pouco conhecido, o lugar fica dentro da Região Hidrográfica II do Guandu, que é formada pela Lagoa, o Lagoão e Rio Guandu. Neste último, é feita a captação de água do sistema da Cedae, destinada ao abastecimento de 9 milhões de consumidores de parte da Região Metropolitana do Rio.

Segundo Edson Monteiro, a área é a maior de captação de água do Brasil. Mas as agressões ambientais contra o Rio Cabuçu, que nasce na Serra do Vulcão, deságua no Rio Ipiranga, e desemboca no Pantanal de Nova Iguaçu, ainda são um grande desafio. Através do seu longo trajeto, os recursos hídricos vão sendo contaminados pelo descarte de esgoto in natura e desejos industriais.

Atento à importância do ecossistema, Edson Monteiro passou a desenvolver atividades de educação ambiental junto à escolas municipais, despertando o interesse de crianças e jovens, que se tornaram multiplicadores das informações. Agora, a área conta com passeios guiados, além de pedalinho, barcos de passeio e local para almoçar peixe fresco.

Os visitantes ficam encantados com o passeio de barco, cujo ponto de partida é a Lagoa, na qual deságuam os rios Ipiranga e Cabuçu, provenientes de Nova Iguaçu. No trajeto, a embarcação segue para o Lagoão, passando por um santuário de tilápias, e pelo Rio Guandu, de onde é possível ver a estrutura para captação de água. A última atração é a Lagoa dos Patos, onde funcionou um areal por anos a fio. Atualmente, água local é cristalina, uma vez que sai direto do lençol freático.

Nascida e criada na região, a diretora de cinema Cátia Helena decidiu fazer um filme para mostrar Nova Iguaçu como uma cidade produtora de água, além de conscientizar a população sobre a importância da preservação ambiental. Para isso, Cátia percorreu o Pantanal Iguaçuano com Edson Monteiro, que é um dos protagonistas de “Nova Iguaçu, cidade das águas”. O filme foi lançado em 30 de outubro, no Teatro Sylvio Monteiro, em Nova Iguaçu. Ao jornal O Globo, a cineasta ressaltou que, para preservar as inúmeras riquezas locais, a população deve ultrapassar múltiplas ameaças.

“O que mais me chamou a atenção é que ali fica a maior área de captação do Estado do Rio e é uma área muito degradada. É urgente que essa realidade mude. A água é muito suja. E é a água que chega na nossa casa, depois de muito tratamento. Imagina se tudo ali fosse água potável? Se os rios fossem tratados e limpos antes de desaguar ali? Seria maravilhoso”, disse Cátia Helena ao veículo, que ouviu do pescador Reinaldo Moura, de 44 anos, que a crise causada pela geosmina, em 2020 e 2021, reduziu a quantidade de pescado nas águas locais.

Além da tradicional pesca de rede, Reinaldo que mora no bairro Lagoinha, também faz a caça submarina, com arpão. Num pequeno barco, ele percorre as lagoas do pantanal, das 7h às 17h.

“O mergulho, eu faço sem equipamento de oxigênio, só na apneia, no pulmão. Tem dia que está bom, cheio de peixe, mas tem vezes que eu dou 20, 30 mergulhos para pegar um peixe. A coisa piorou depois da geosmina. Jogaram um produto, e a quantidade de tilápia reduziu demais. Agora é uma luta para pegar peixe”, contou o pescador ao vespertino carioca. Assim como Edson Monteiro, Reinaldo Moura também ajuda a reflorestar a mata em volta, uma vez que é dela, que ele e muitas pessoas, tiram o seu sustento.

“É de onde eu tiro meu sustento. Meus filhos foram criados nessa lagoa. Muita gente precisa disso aqui pra sobreviver. A gente planta árvore frutífera pensando nas pessoas e nos animais. Se todo mundo cuidasse, o Pantanal estaria muito melhor”, concluiu o pescador.

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