A antiga sede do Touring Club do Brasil na Avenida Brasil, em Bonsucesso, é uma velha conhecida dos cariocas. Quem vai para a Linha Amarela é obrigado a passar bem na sua porta, e há muito o carioca acreditava que aquilo seria mais um rolo sem solução. O prédio, outrora envidraçado em vidro fumê, fora depredado por cracudos e sem teto anos atrás.

A construção, que sediara também um longevo campus da antiga Faculdade da Cidade, tem 3.000 metros quadrados e necessita de reforma geral, pois devido à depredação que sofreu, virou um esqueleto de concreto de (muito) má aparência.

Um investidor havia arrematado o prédio num leilão, devendo centenas de milhares de reais em IPTU, e no estado em que se encontrava há cerca de 8 anos, explicou Nelson Borges, Diretor de Vendas Comerciais da Sergio Castro Imóveis. Após contratar a corretora para vender o prédio há cerca de 3 anos, foi realizada a venda do imóvel agora no mês de Junho.

“Falam muita besteira sobre o mercado imobiliário e sobre a situação do Rio de Janeiro”, diz Borges, que complementou que a venda foi realizada a uma empresa que irá reformar o prédio com pele de vidro e contratou a imobiliária de Borges para alugar o edifício depois da obra pronta. A escritura já foi assinada.

“Depois que vendemos por mais de dez milhões o esqueleto da Fábrica do Sabão Português, ano passado, descobrimos que a Avenida Brasil tem solução, detectamos o tipo de cliente que compra na área, e já estamos trabalhando outro imóvel “invendável””, zomba Nelson, que está no mercado imobiliário há mais de 20 anos. O esqueleto da Fábrica de Sabão foi demolido e o terreno foi alugado pelo novo dono ao Assaí Atacadista, que já funciona no local.

Sua empresa recentemente vendeu outro “pepino imobiliário”, o Largo do Boticário, que vai virar um hotel da rede dona do Sofitel, e está trabalhando a venda do famoso Solar dos Abacaxis, também no Cosme Velho.

“Confundem especulação com o reaquecimento do mercado, o qual aliás é muito bom pra nossa cidade”, afirmou Josué Madeira, CEO da BB Enjoy Imóveis, outra empresa que está em expansão neste momento, com filiais no Recreio, Grajaú e Flamengo.

Segundo Josué, a insegurança tem sido um fator que gera prejuízos ao comprador indeciso neste momento de preços mais acessíveis. “Isto acontece nas duas pontas, compradores que acham que conseguirão produto melhor e proprietários que acreditam em melhores ofertas”. Só que com a demora na definição, alguém toma conhecimento do interesse e “atravessa o negócio”, lamenta o CEO da BB Enjoy. Isto porque os negócios estão sim ocorrendo na maior parte da cidade, ainda que mais devagar e por preços menores que antes.

A verdade é que, segundo os especialistas, o mercado da Barra da Tijuca se encontra em grande dificuldade, assim como o mercado de compra, venda e locação de salas no centro da cidade. Mas há curiosidades: “hoje não se vende sala no Centro a mais de R$ 2.500,00 por metro quadrado, e está quase impossível alugar salas a qualquer preço, mas ao mesmo tempo voltamos a alugar lojas nas imediações das ruas Assembléia e Sete de Setembro, uma atrás da outra, sem a menor dificuldade.”, morde e assopra Lucio Pinheiro, há anos trabalhando numa das mais tradicionais administradoras do Centro.

O que parece ocorrer é que as coisas não vão nem tão mal quanto se fica falando por aí e nem o clima pode ser considerado ideal, mas os negócios acontecem, e quem procura a assessoria de um profissional idôneo parece estar tendo mais sucesso do que os que acompanham os “conselhos” dos “haters” e comentaristas amadores da internet.

Até porque…. se alguém compra esqueletos na Avenida Brasil, pode ter certeza que o seu imóvel, no preço certo – pode ser vendido relativamente rápido, com a assistência de alguém que entenda do assunto.

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