Estacionamento que virou bar irregular inferniza moradores no Centro do Rio

''Casarão do Firmino'', que promove ilegalmente eventos voltados ao samba e pagode, tem autorização da Prefeitura para funcionar apenas como estacionamento para veículos. Mas o som altíssimo vara a madrugada

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Fachada do ''Casarão do Firmino'', no Centro do Rio - Foto: Reprodução

Moradores da região central do Rio de Janeiro têm enfrentado problemas relacionados a um estabelecimento comercial que deveria funcionar apenas como estacionamento, mas que promove eventos com música alta e acaba desrespeitando a ”Lei do Silêncio”.

De acordo com informações obtidas pelo DIÁRIO DO RIO, o imóvel localizado no número 19 da Rua da Relação, próximo à Lapa, de dia utilizado para carros serem guardados, à noite passa a se chamar ”Casarão do Firmino” e recebe grupos de samba e pagode, costumando ficar bastante cheio. E o barulho, segundo moradores, é insano.

Acontece que, como dito acima, o estabelecimento teria aval da Prefeitura para ser apenas um mero estacionamento, não estando autorizado a abrigar eventos de qualquer natureza. E muito menos de realizar incômodos à vizinhança, mas ninguém sabe porque as autoridades chegam e vão mas a quizumba continua, à custa da noite de sono dos moradores do entorno.

Em meio ao desrespeito à determinação municipal, segundo testemunhas, o Casarão do Firmino tem som alto até altas horas da madrugada, ultrapassando – e muito – o limite do chamado horário do silêncio das 22h (de Brasília) imposto por lei federal. Isso sem contar o limite de barulho – medido em decibéis – para qualquer horário, que também é norma.

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Diretora do Hotel Carioca, situado em frente ao imóvel em questão, Teresa Novo diz que já ouviu diversas reclamações de hóspedes por causa do barulho vindo do Casarão (vídeo abaixo). Em algumas oportunidades, inclusive, ela afirma ter tido que ressarcir as pessoas; não seria incomum ver hóspedes deixando o hotel no meio da noite.

”Estamos tendo muitas reclamações de hóspedes, que não conseguem descansar. Para ter uma ideia, os vidros das janelas dos quartos vibram com o barulho e, nessas condições, fica impossível conseguir dormir ou até assistir TV. Essas festas vão até altas horas, tipo, 4h da manhã. Há muitos comentários negativos no site a respeito desse barulho, nos causando, assim, um prejuízo enorme, e muitos hóspedes não retornam ao hotel, além de, alguns, termos tido que devolver o dinheiro”, diz ela.

”Tentamos uma conversa amigável, mas, sem sucesso. Não queremos prejudicar ninguém, queremos apenas que eles coloquem ao menos uma acústica e cumpram os horários, para que o barulho não incomode a ninguém”, conclui.

Corroborando com Teresa, Maura Reis, moradora da região há mais de 20 anos, ressalta a necessidade de uma mudança urgente no panorama para que a vida volte ao normal.

”Não somos contra a diversão, a cultura, tampouco o samba, mas o local não tem os requisitos mínimos para funcionar como espaço cultural. Não há autorização da Prefeitura para isso. É uma perturbação do sossego muito grande. Há muitas pessoas idosas no entorno, que precisam descansar, além de outras que trabalham, estudam, e necessitam de concentração para os seus afazeres”, ressalta ela.

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Paralelamente, Maura diz que os eventos realizados no Casarão do Firmino geram bastante lixo, que acaba sendo descartado na rua (vídeo abaixo). O caos e a sujeira revoltam moradores.

”Eles deixam o esgoto vazando para a rua, gerando um cheiro insuportável, descartam garrafas ao pé das árvores ao redor do estabelecimento, fora a proliferação de animais peçonhentos, como ratos, baratas… enfim”, conclui.

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Vale ressaltar que, no último sábado (24/02), o Casarão do Firmino promoveu mais um evento voltado ao samba, inclusive recebendo o músico Dudu Nobre. Novamente os moradores sofreram.

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Caso de agressão

Em publicação nas redes sociais no dia 22/01, Zuri, mulher trans, afirmou ter sido agredida por seguranças do Casarão do Firmino em 19/01.

Segundo a vítima, após uma discussão dentro do estabelecimento, ela e sua irmã, Lua, foram retiradas à força do local e, já na rua, apanharam de mais 15 homens, entre funcionários da casa, ambulantes e motoristas de aplicativo.

O que diz a Prefeitura

Procurada pelo DIÁRIO DO RIO para comentar o assunto, a Prefeitura do Rio, por meio da Secretaria Municipal de Ordem Pública (Seop), confirmando as informações obtidas pela reportagem, informou que ”o Casarão do Firmino está interditado como espaço para festas desde o dia 2 de fevereiro de 2024, tendo recebido uma Autorização Transitória, concedida pela Subsecretaria de Promoção de Eventos, para o período do Carnaval”. Ninguém sabe, porém, explicar o porquê do estabelecimento receber tanta proteção e benesses e nem porque se tornou intocável. Sem licença, fazia o barulho que queria; agora com licença “transitória”, piorou, segundo moradores.

”A interdição foi motivada pela reincidência de reclamações e pelo reiterado descumprimento da lei de perturbação do sossego. O estabelecimento já havia sido autuado previamente”, explicou a Seop. Vale ressaltar, porém, que o local segue podendo funcionar como estacionamento. De autuação em autuação – “ninguém sabe se paga”, dispara uma moradora – o Casarão segue fazendo um barulhão.

E o Casarão?

Também procurado pelo DDR, por meio de um número de WhatsApp disponibilizado no Instagram da casa, o responsável pelo Casarão do Firmino afirmou que ”pediria ao assessor de imprensa para entrar em contato”, mas, até o fechamento desta matéria, isso não aconteceu. A reportagem será atualizada caso o estabelecimento queira se manifestar (conferir no fim do texto).

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1 COMENTÁRIO

  1. Difícil entender o DDRio. Numa reportagem publicada há 72 horas, a Rua do Senado cheia de mesas e cadeiras e pessoas na rua para rodas de samba no local, como citado na matéria é tratada como “uma feira, point turístico para cariocas e turistas” comparada a Rua do Lavradio, esta fechada pela prefeitura para eventos enquanto na outra é zoeira total. Agora, mostram uma “casa de shows” na Rua da Relação improvisada num estacionamento como foco de desordem, sujeira, barulho e até como foco de brigas entre frequentadores. O local já tem fama também, é point do Centro. Nem dois pesos e duas medidas são. Se a defesa do bem estar da cidade é defendida pelo veículo, alguma posição manifestada tem que sofrer reparo. O bem estar carioca deve ser norteado pelo bem estar e defesa do direito das pessoas, independente de gênero e sexo.

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