Quem passa pela Rua Camerino, no Centro do Rio, se depara com um cenário de completo abandono. A via, de imensa importância para a história negra da cidade, é um reflexo da negligência do poder público: sujeira espalhada, lixo nas esquinas, moradores em situação de rua e prédios completamente deteriorados e invadidos. O DIÁRIO DO RIO tem chamado atenção há meses para a decadência da rua, localizada a poucos metros de patrimônios históricos, como o Cais do Valongo. E, agora, a denúncia recai sobre um patrimônio público centenário que está em ruínas.
O prédio do Instituto Penal Cândido Mendes, na esquina das ruas Camerino e Senador Pompeu, é um símbolo do abandono do Estado. Com a fachada repleta de pichações, tijolos expostos e pintura desgastada, o edifício de 1907, que abriga presos com mais de 60 anos, está à deriva. Pertencente à Secretaria de Estado de Administração Penitenciária, o prédio, com mais de 100 anos, não passa por uma reforma significativa há pelo menos 14 anos. A última ação de revitalização foi uma simples pintura na fachada, que não resolve os problemas estruturais graves da construção.
A unidade tem capacidade para 246 internos, mas em 2020, durante a pandemia, chegou a abrigar mais de 300. A falta de manutenção do prédio é uma questão antiga e que se agrava com o tempo. Em 2014, o Instituto chegou a receber parte do acervo do Museu Penitenciário do Estado do Rio, mas, devido ao risco de infiltrações e a urgência de uma grande reforma, as peças precisaram ser devolvidas ao antigo endereço logo no ano seguinte.
Desde 2022, o prédio abriga o Patronato Magarino Torres, que foi transferido de Benfica para as dependências do Instituto. A entrada, pela Rua Senador Pompeu, é a única estrutura pintada e com um mínimo de restauro.
Como pode um presídio ter mais personalidade e beleza do que uma casa padrão moderna da Barra…
Inacreditável.