O Rio de Janeiro tem se destacado na luta pela preservação de seus manguezais, em meio aos demais estados da região sudeste. De acordo com estudo realizado pela Universidade Federal do Pará (UFPA), em conjunto com o Instituto Tecnológico do Vale (ITV) e a empresa Soluções em Geoinformação (Solved), o estado do Rio foi o único entre as regiões sul e sudeste a não sofrer uma redução da cobertura desta vegetação em seu território entre 2008 e 2016. O artigo científico apresentando tais dados foi publicado na última sexta-feira (22/12), na revista Anais da Academia Brasileira de Ciências.
Durante esse período, os demais estados do sul e sudeste do país banhados pelo mar registraram 4% de redução de seus manguezais. Ao todo, os resultados da pesquisa apontam para uma perda de 34 quilômetros quadrados de manguezais entre os estados de Espírito Santo, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul neste recorte de oito anos (2008-2016). A cobertura de manguezais na região nordeste se manteve estável, enquanto no norte do país, foi registrado um crescimento de 10%.
Visando a coleta destas informações, os pesquisadores utilizaram imagens de satélites radares e ópticos, além de dados coletados em campo a uma análise baseada em Objetos Geográficos (GEOBIA). Dessa forma, a metodologia do estudo classificava as imagens recolhidas entre três categorias: corpos d´água, terra firme e manguezais.
Conforme citado no artigo, os pesquisadores apontaram como hipótese para a queda na cobertura de manguezais no sul e sudeste do Brasil à ocupação das zonas costeiras, assim como de urbanização e de atividades portuárias.
“A preservação dos manguezais no estado do Rio deve ser vista como uma luta de extrema importância. Na capital do estado, especificamente, o tema adquire maior destaque, sobretudo pela busca por recuperação da Lagoa Rodrigo de Freitas, um dos marcos da cidade. Neste sentido, o estudo realizado pelos pesquisadores poderia considerar o impacto das medidas de recuperação e limpeza da lagoa, em meio aos preparativos para a realização dos jogos olímpicos do Rio, em 2016. Em meio a isso, destaca-se também as iniciativas socioambientais como o Projeto Uçá, e, mais recentemente, o programa, Guardiões do Mangue, lançado pela prefeitura do Rio em julho deste ano” aponta Philippe Guedon, Diretor de pesquisa no Instituto Rio21.
