As análises e discussões realizadas sobre o crescimento e a evolução da chamada “economia da periferia” percorrem temas presentes a diversos segmentos e setores da cadeia produtiva. As comunidades são merecedoras de um olhar reflexivo sobre as tendências da moda, pois hoje seu cotidiano é mostrado mundo afora, quando celebridades como Anitta ou Ludmilla desfilam seus estilos pelos palcos estrangeiros. O longa-metragem “Favela é Moda”, de Emílio Domingos destaca essa importante reflexão que tange o papel social e inclusivo da área fashion ao mostrar a trajetória de jovens modelos em uma agência de moda na favela do Jacarezinho, no Rio de Janeiro.
De acordo com o estilista Luiz Cláudio, a tendência do streetwear representa a essência urbana. Trata-se de um estilo que fez caminhos de ‘ida e volta’, ou seja, ele surgiu nas ruas, chegou às passarelas e retorna às áreas periféricas. Na visão do profissional mineiro, proprietário da marca Apartamento03, a conhecida moda de rua está associada à questão comportamental e ao chamado lifestyle do público que reside na periferia.
“Gosto muito de fazer este paradoxo sobre o que surgiu nas periferias e atingiu seu espaço no mercado da moda. Podemos relembrar as unhas de gel, usadas há anos pelas mulheres negras que conquistou fama após fazer parte do cotidiano do “clã Kardashian” e o óculos “Juliet”, com lentes coloridas, que se popularizou a partir das periferias e, hoje, pode ser visto pelo público em clipes musicais e redes sociais de diversos influenciadores”, comentou o estilista.
A chamada cultura periférica apesar de pouco valorizada no país, conta com potencial também no segmento fashion, sendo marcada pela elegância e charme, além da atenção às principais tendências ao mercado da moda mundial. Entre as características predominantes do look streetwear estão peças como o jeans e o tênis, que protagonizam harmoniosas combinações de estilos.
“Passou muito tempo desde que a moda ditasse regras ou tendências do alto para o baixo. Também não é segredo ou novidade que periferia seja uma potência quando o assunto é criatividade e estilo. Aliás, inclusive as principais marcas de luxo tiveram essa percepção e buscaram referências em moda periférica. essa potência criativa vem de uma liberdade para experimentações que estão longe dos padrões estabelecidos pela sociedade onde se pauta o que é certo ou errado”, finalizou.
