Uma estudante do 5º período de Odontologia da Universidade Veiga de Almeida (UVA), no Rio de Janeiro, criou um instrumento visando tornar a prática médica cada vez mais inclusiva em sua futura profissão.
Ao longo de 28 páginas, o Guia Antirracista para Odontologia elaborado por Ariane Moura, de 21 anos, traz lições importantes sobre os diferentes tipos e vieses do racismo; as diferenças raciais na formação dos cirurgiões dentistas; e a inclusão de ensino de relações raciais na graduação.
”O racismo mina as nossas forças e tenta nos tirar dos espaços, mas entendi que não podemos nos calar. Quero levar as lições do manual para dentro das universidades, como forma de educar profissionais em formação e reletrar os graduados, além de dar força para que cada vez mais alunos negros entrem, permaneçam e se sintam pertencentes ao ambiente universitário”, ressalta Ariane.
Escrito em parceria Carol Lemos e Joice Corrêa, profissionais odontológicas já formadas, o manual de conscientização e letramento dos profissionais de saúde foi lançado pela Associação Brasileira de Mulheres Dentistas (ABMD) em 20 de novembro de 2023, Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra.
De lá para cá, o material acabou chamando a atenção não só de especialistas da área, mas também de nomes como o do jornalista esportivo Paulo César Vasconcellos e o da sambista Teresa Cristina, que homenageou a estudante em um post nas redes sociais no começo deste mês.
Moradora da comunidade Guararapes, em Santa Teresa, região central do Rio, Ariane já está trabalhando na segunda edição do manual, que agora deve tratar de temas mais científicos de forma didática.
”Infelizmente, ainda falta o básico de acesso à saúde nas comunidades. Quero poder falar sobre como abordar pessoas negras dentro do consultório, fazer com que elas se sintam acolhidas. Há médicos que julgam o paciente apenas pela aparência”, conclui a estudante.
