Uma pesquisa recente da Universidade Federal Fluminense (UFF) analisou as vulnerabilidades ambientais da orla de Niterói diante da projeção de aumento do nível do mar até 2100. O estudo identificou que as áreas voltadas para a Baía de Guanabara são mais suscetíveis a impactos socioeconômicos, enquanto os trechos voltados para o Oceano Atlântico apresentam maior fragilidade ambiental. O artigo foi publicado em março passado na revista suíça Coasts e divulgado recentemente pelo jornal O Globo.
O estudo destaca que a elevação do mar pode agravar problemas já existentes, como a erosão costeira e a perda de infraestrutura urbana, além de aumentar a exposição de populações vulneráveis a enchentes.
Utilizando uma matriz de vulnerabilidade ambiental, os pesquisadores analisaram nove regiões da cidade e atribuíram índices de risco com base em quatro fatores: exposição às ondas, presença de ecossistemas protegidos, densidade populacional e renda per capita. As áreas com maior vulnerabilidade natural estão localizadas na Região Oceânica, que enfrenta forte impacto das ondas e abriga ecossistemas sensíveis, como manguezais e restinga. Por outro lado, regiões densamente povoadas e de baixa renda, como o Barreto e parte do Centro, foram classificadas como mais vulneráveis socioeconomicamente.
Em um cenário otimista, com aumento do nível do mar em 0,50 metro até 2100, eventos extremos de maré e ressacas podem elevar as águas em até 1,80 metro acima do nível médio atual, impactando diretamente mais de nove mil moradores na Região Oceânica. Além disso, mais de dois milhões de metros quadrados de vegetação poderiam ser afetados.
A pesquisa revelou ainda que a densidade populacional nas regiões analisadas varia consideravelmente: a área das Praias da Baía tem a maior concentração, com cerca de 13.900 habitantes por quilômetro quadrado, enquanto a Região Oceânica apresenta índices significativamente menores, como 537 habitantes por quilômetro quadrado em Itacoatiara.