Everton Gomes – Mercado de trabalho precisa ser mais inclusivo: a diversidade faz bem!

Colunista do DIÁRIO DO RIO fala sobre a falta de diversidade no mercado de trabalho

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Imagem meramente ilustrativa - Foto: Prefeitura do Rio/Divulgação

A calamidade provocada por anos de omissão do Estado na economia nacional deixou grandes estragos no mercado de trabalho. Da virada de 2019 para 2020, primeiro ano da pandemia da Covid-19, nada menos do que 400 mil brasileiros com mais de 50 anos de idade se tornaram desempregados, segundo o Caged, do Ministério do Trabalho e Emprego. Trata-se de uma calamidade social. O cidadão, demitido apenas pelo inexorável fator da passagem do tempo, ao qual todos nós estamos sujeitos, permanece com a mesma obrigação de bancar as contas da casa que sempre teve. Ao mesmo tempo, com a Reforma da Previdência, passou a enxergar a merecida aposentadoria cada vez mais longe. Entregue à desesperadora urgência de continuar sustentando filhos e, frequentemente, também netos, esse trabalhador não enxerga outra saída que não a informalidade, sujeito a todos os riscos da falta da proteção ao trabalhador que as ausências do vínculo CLT e das contribuições à Previdência Social representam.

As tribulações da informalidade prejudicam o mercado consumidor. Sem a previsibilidade que o salário mensal oferece, o trabalhador aperta os cintos, compra apenas o necessário, perde a esperança no futuro. O mesmo panorama se estende a outros segmentos sociais que, preconceituosamente, são vistos com um olhar diferente: mulheres, pessoas trans, pessoas com deficiência, jovens sem experiência profissional, além da população negra, historicamente discriminada em amplos setores da vida social.

Nossa agenda é propositiva. Dialogando com o mercado de trabalho, queremos quebrar preconceitos e valorizar as boas práticas empresariais. Criamos o Selo Abdias do Nascimento para certificar as empresas que apostam na inclusão e na diversidade e admitem profissionais de segmentos subalternizados, garantindo a cidadania plena pela carteira assinada ao trabalhador. Com o Fórum Caminhos para Inclusão — Estratégias Inovadoras em RH, que a Secretaria Municipal de Trabalho e Renda do Rio promoveu no último dia 21, recebemos o poder público, a sociedade civil organizada, o empresariado e trabalhadores para debater práticas inclusivas de Recursos Humanos.

Não é possível continuar admitindo que o mercado de trabalho expresse preconceitos outrora assentados na sociedade. A realidade social não é estática, e sua dinâmica deve se adequar à compreensão dos novos tempos, com justiça social e respeito ao próximo. A professora Liliane Furtado (Coppead-UFRJ), que participou do nosso fórum, apontou que apenas 39,2% dos cargos de gerência nas empresas são ocupados por mulheres, em notória desproporção com a realidade da população em geral. Há subrepresentação, há discriminações.

Todos nós sabemos que a diversidade faz bem. Para as empresas e os trabalhadores. Então, vamos lutar por uma sociedade verdadeiramente democrática, na qual as liberdades sociais estejam na ordem do dia. Fazendo pelo social com trabalho, diálogo e compromisso com quem mais precisa, chegaremos lá.

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