O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD) teria recebido mais de R$ 8 milhões em propinas, segundo a delação premiada firmada entre a Procuradoria-Geral da República e o ex-secretário municipal de Obras, Alexandre Pinto, que foi condenado a 76 anos de prisão. A partir do relato dele, a Polícia Federal abriu 20 frentes de investigação relacionadas a desvios e pagamentos de propina em obras na cidade.
Alexandre Pinto esteve à frente da pasta, entre 2011 e 2014, período no qual Paes chefiava a cidade pelo MDB e era aliado do então governador Sérgio Cabral, do mesmo partido. Segundo o delator, Eduardo Paes teria cobrado propina de obras do município em três situações. Paes ainda teria direcionado licitações a empresas; algumas delas envolvidas na Operação Lava Jato.
O ex-secretário municipal de Obras relatou que, em 2014, o prefeito do Rio pediu R$ 5 milhões para sua campanha ao governo do Rio, valor que, de acordo come ele, viria do contrato de R$ 39,7 milhões para a dragagem do Rio Acari. Ainda segundo a delação de Alexandre Pinto, Eduardo Paes teria cobrado propinas de contratos de R$ 220 milhões para a construção de escolas. Os valores, segundo consta na deleção conseguida pelo Estadão, seriam também para a campanha eleitoral e somaram R$ 3 milhões.
Alexandre Pinto foi condenado, em 2020, pelo juiz Marcelo Bretas, no âmbito da Lava Jato do Rio, por 4 vezes. Desde 2018, ele negociava um acordo de delação premiada. Conselheiros de Contas do município também foram citados. Ivan Moreira, pro exemplo, teria recebido R$ 782 mil em esquema para direcionar o contrato para a obra de controle de enchentes do Rio Acari.
Ricardo Pieri, advogado de Eduardo Paes declarou que o prefeito “jamais participou de qualquer esquema de corrupção” e acusou Alexandre Pinto de mentir. “O sr. Alexandre Pinto apresenta nova leva de mentiras como delinquente confesso, condenado como chefe de organização criminosa, da qual, segundo apurado após ampla investigação, Eduardo Paes jamais fez parte”, afirmou Pieri ao Estadão.
Já a Procuradoria-Geral da República adiantou, por meio de nota, que não se manifesta sobre “tema protegido por sigilo legal, caso de acordos de colaboração premiada”. Procurados pelo Estadão, as defesas de Alexandre Pinto e de Ivan Moreira e o Tribunal de Contas do Município não se manifestaram.