Na última sexta-feira, (10/06), inaugurou a exposição CACHIMBA, da artista Luanda, no Museu da História e da Cultura Afro-brasileira, o MUHCAB. A mostra remete a ressignificações das ancestralidades e reflexões sobre a intolerância religiosa e nasceu da necessidade de expandir o campo do letramento afro para uma fusão de ideias da história com a religiosidade de matriz africana.
A exposição está na Sala Mercedes Batista e fica em exibição até o dia 30 de julho.
As obras foram criadas por Luanda após o término da defesa da tese de doutorado em artes, “Kalunga mu kizua — O mar em tempo”, em setembro de 2021, na Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (EBA-UFRJ).
A artista vem trabalhando sobre o tema — arte e terreiro — há cinco anos, desde que entrou na Umbanda, em 2017, como rodante (quando o/a filho/a de santo entra em transe mediúnico), após muitos convites. Seu processo de criação artística foi se transmutando e sendo paulatinamente permeado pelo sagrado de matriz africana.
O trabalho foi incluindo elementos do Terreiro como flores, ervas, velas, cânticos, roupas brancas, louças, esteiras, entre outros objetos, enquanto na vivência em sua Comunidade de Terreiro a artista começava a girar (incorporar) com os entes da terra e os Orixás.
Quando se deu conta, todo seu trabalho estava em plena transformação; foi o momento em que cunhou o termo “Ateliê Terreiro” porque sua prática artística ficou voltada para a Cultura de Terreiro. Entre todas as entidades de Umbanda, foi com as Pretas e Pretos Velhos que a artista iniciou um diálogo significativo sobre “artes da makumba” que perdura até hoje.
É Maria Conga, Pai Cipriano, Vovó Ana, Maria do Rosário e Pai Benedito, com suas falas precisas, fortes e guerreiras, que alimentam uma importante inspiração para a artista pensar sobre as encruzilhadas no Atlântico, os Calundus e todo o movimento de resistência cultural africana que ocorreu por todo tempo de colonização do Brasil.
Nesta exposição, Luanda aproxima as Pretas e Pretos Velhos de personagens históricos da resistência afro-brasileira nas lutas contra o racismo: o advogado Luiz Gama (1830-1882), por exemplo é retratado como Pai Cipriano. Ao repetir esse procedimento em cada um dos retratos, Luanda marca importante posição política, ao propor a convergência entre entidades sagradas e personagens históricos, trazendo a parceira sagrado-político como lutas de liberdade.
Serviço:
A mostra ficará em cartaz de 10 de junho a 30 de julho de 2022
Local: MUHCAB – Museu da História e da Cultura Afro-brasileira – Rua Pedro Ernesto 80, Gamboa, Rio de Janeiro (RJ)/ Sala Mercedes Batista
Visitação: Quintas, Sextas e Sábados
Horário: 10hs às 17h
Entrada: Franca