Exposição na Biblioteca Nacional revela acervo raro e conta história dos impressos do país

A mostra disponível na Biblioteca Nacional reúne cerca de 80 itens selecionados do acervo; a diversidade é uma temática marcante na exposição

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Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Na última sexta-feira (14/07), a Fundação Biblioteca Nacional, no Centro do Rio de Janeiro, inaugurou uma mostra intitulada ‘Uma Janela para o Armazém de Periódicos’. A exposição é composta por cerca de 80 itens selecionados do acervo e celebra a história da Coordenação de Publicações Seriadas, um setor que completou 100 anos em 2022 e abriga a maior e mais antiga coleção de periódicos do país, com mais de 81 mil títulos e 372 mil volumes.

Os visitantes da exposição terão a oportunidade de apreciar uma diversidade impressionante de estilos, formas e conteúdos. As curadoras Stéfani da Silva Salgado, Raquel Ferreira e Maria Angélica Bouzada organizaram as obras em cinco módulos.

“A gente espera que com essa exposição as pessoas consigam tirar um pouquinho o rosto do computador. As plataformas digitais, como a nossa hemeroteca, trazem muitas facilidades, mas existe também o impresso que pode ser consultado dentro das devidas questões de preservação de cada material. E é importante lembrar que tem muito material guardado na Biblioteca Nacional que ainda não está digitalizado, porque tem questões de direitos autorais” diz a curadora Stéfani Salgado.

E dentre os destaques do acervo, a diversidade temática é uma característica marcante. Os periódicos abrangem temas infanto-juvenis, religiosos, políticos e sociais, permitindo um conhecimento aprofundado das diferentes realidades ao longo dos anos no país.

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A exposição, mesmo em tempos de facilidade digital e acervos online, foi pensada para estimular também a curiosidade do público em relação aos suportes materiais da memória nacional. As plataformas digitais, como a hemeroteca da biblioteca, oferecem muitas facilidades, mas a exposição destaca a importância da consulta aos materiais impressos, considerando questões de preservação e direitos autorais que ainda afetam muitos dos materiais guardados na Biblioteca Nacional.

Imprensa Negra

Um dos módulos foca nos fragmentos sociais brasileiros, trazendo como destaque o jornal ‘O Mulato’ ou ‘O Homem de Cor’ criado em 1833 por Francisco Paula Brito e considerado o primeiro periódico da imprensa negra no país, dedicado à luta contra o racismo e à defesa da abolição da escravidão. Também é exibida uma edição especial em cetim da revista impressa ‘A Cidade do Rio’ do abolicionista José do Patrocínio, que lutava por ideias emancipatórias dos escravos junto à opinião pública.

Política

Os períodicos tratam de outros eventos históricos, como o suicídio do ex-presidente Getúlio Vargas, em 1954, são retratados em edições do jornal ‘Última Hora’ de Samuel Wainer ou da revista ‘Pif-Paf’ lançada por Millôr Fernandes em 1964, pouco após o golpe militar.

Feminismo

A exposição também homenageia as mulheres e o movimento feminista, representados pelo ‘O Jornal das Senhoras’ lançado por Joanna Paula Manso, em 1852, como o primeiro periódico editado por mulheres no país e pela revista ‘Walkyrias’ dirigida pela jornalista Jenny Pimentel de Borba, em 1934, que abordava questões do movimento feminista e da emancipação feminina.

Diversidade

Os periódicos foram importantes meios de expressão para grupos marginalizados e vítimas de discriminação. O jornal ‘Beijo da rua’ criado a partir do I Encontro Nacional de Prostitutas, em 1987, trazia reivindicações de direitos para esse grupo. Já a revista ‘Femme’ do Grupo de Conscientização e Emancipação Lésbica de Santos, produzida entre 1993 e 1996, contava com a participação de mulheres de diversos pontos do país. E o jornal ‘Lampião da Esquina’ que era voltado para o público homossexual entre os anos de 1978 e 1981.

O coordenador de Publicações Seriadas, Alex da Silveira, acredita que a exposição é um dos primeiros passos para aproximar novos públicos da instituição. Ao despertar o interesse pelo acervo, ele espera revitalizar os corredores da biblioteca, transformando-os em espaços de sociabilidade e troca de conhecimento.

“A gente sente falta daquele contato entre os usuários e os pesquisadores aqui na biblioteca. Temos novas gerações que nunca tiveram contato com o acervo material, só o digital. E é uma das nossas preocupações pensar em como recuperar esse espaço de consulta presencial e possibilitar que os pesquisadores possam trocar ideias entre si” diz o coordenador Alex.

Serviço: Exposição “Uma Janela Para o Armazém de Periódicos

  • Data: de 14/07 a 13/09/23
  • Horário: 2ª a 6ª feira, 10h às 17h
  • Local: Biblioteca Nacional
  • Endereço: Av. Rio Branco, 219 – Centro – Rio de Janeiro
  • Entrada gratuita

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