Fábrica Dona Isabel: inspirada em nome de princesa e com operários históricos

A Fábrica foi uma das maiores do país por muitas décadas. Produzia em larga escala e tinha vasto comércio. Trabalhava desde o algodão até o tecido como produto final

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Fundada em Petrópolis no ano de 1889, a Fábrica Dona Isabel tem esse nome em homenagem à princesa Isabel. A relação da corte portuguesa com a cidade da Serra Fluminense é histórica e por isso a reverência.

A Fábrica foi uma das maiores do país por muitas décadas. Produzia em larga escala e tinha vasto comércio. Trabalhava desde o algodão até o tecido como produto final. Logo se tornou uma das grandes empresas do Petrópolis, do Rio de Janeiro e do Brasil.

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Em 1960, Fábrica Dona Isabel chegou a ter 1.800 funcionários. Entre eles, um com uma história curiosa. Em junho 1962, o ex-tecelão Henrique Pedro Tesch ganhou um relógio de ouro da empresa por ter completado 50 anos de trabalho. Ele começou na fábrica em 1912.

“As recordações que tenho do meu avô com o relógio são as melhores que guardo dele porque em dias especiais e, especialmente nos aniversários dele, era certo ele vestir a melhor roupa social, o sapato preto muito bem engraxado e exibir o relógio de bolso. Ele nos contava que, com sol ou chuva, fazia o trajeto de casa até a fábrica e da fábrica até em casa a pé, feliz e contente”, disse Amarildo Tesch, neto de Henrique, ao site Petrópolis Sob Lentes.

Outro operário da Fábrica Dona Isabel que ficou conhecido foi Leonardo Candú, ex-funcionário que, em 1935, se tornou um ícone nacional, símbolo do movimento operário

“Os operários daqui de Petrópolis eram, em massa, socialistas ligados à ANL, Aliança Nacional Libertadora. A disputa entre eles e os integralistas era constante. Naquele ano, com a proibição da ANL após a Intentona Comunista, os operários ficaram revoltados e marcaram uma grande manifestação na Praça Dom Pedro II”, relata ao jornal Tribuna de Petrópolis, o mestre em história Pedro Paulo Aiello Mesquita, autor do livro “A Formação Industrial em Petrópolis”.

Pedro Paulo Aiello Mesquita explica que assim que a passeata chegou à Rua João Pessoa, bombas foram arremessadas nos manifestantes, sendo uma das vítimas, Leonardo Candú. “A sede do movimento integralista ficava ali naquelas imediações. Candú foi atingido e, apesar de ter sido socorrido, faleceu, gerando indignação por parte de outras categorias e cidades do país”.

A Fábrica Dona Isabel fechou na década de 1990. Com o eterno girar dos ponteiros dos relógios, ficam as histórias de trabalhadores que lá estiveram.

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