A desigualdade socioeconômica no Rio de Janeiro se revela de diversas formas. Uma delas é no processo para o consumo de energia elétrica. De acordo com um levantamento feito pelos coletivos responsáveis por criar o Painel Unificador Covid-19 nas Favelas e pelo relatório “Eficiência Energética nas Favelas”, as famílias mais pobres pagam, em média, uma conta de luz duas vezes maior do que a da capacidade de pagamento declarada. Além disso, 31% dessas pessoas encontram-se em situação de pobreza energética, comprometendo uma parcela desproporcional do orçamento familiar para ter luz elétrica em casa. A pesquisa foi feita em 15 comunidades fluminenses.
O levantamento também mostra que 69% das pessoas entrevistadas gastariam mais com comida caso a tarifa de energia elétrica fosse diminuída.
Outros números levantados revelam que 55,2% das pessoas ouvidas pela pesquisa se encontram abaixo da linha da pobreza, ou seja, vivem com renda familiar per capita mensal de até R$ 497 e 41,5% das famílias que ganham até meio salário mínimo ficaram, nos últimos três meses, mais de 24 horas sem luz elétrica em casa. Entre famílias que ganham de dois a três salários mínimos, foram 23%.
Quase um terço dos observados pela pesquisa (32,1%) já perderam eletrodomésticos por conta de falhas na rede elétrica. Esse foi o caso de Neuza Santos, moradora de uma comunidade na Zona Oeste da cidade.
“Com quedas de luz minha geladeira queimou. Outra vez, foi a televisão. É complicado porque a gente não tem dinheiro pra ficar comprando coisas novas assim“, pontua empregada doméstica.
Entre os eletrodomésticos, o ar condicionado é responsável por mais da metade (51,4%) do consumo de energia na amostra, seguido pelo chuveiro elétrico (13,8%) e geladeira (13,6%).
O levantamento ainda destaca que existe um bom nível em termos de hábitos conscientes de uso da energia elétrica entre a população alcançada pela pesquisa. A pontuação média foi de 6,21, sendo o limite superior da pontuação 9 e o inferior 0. Entre os entrevistados, 78% sempre lembra de apagar a luz ao sair de um ambiente e 67% dá preferência a lâmpadas LED, mais eficientes e econômicas.
Kayo Moura, cientista social e estatístico em formação, integrante do laboratório de narrativas e dados do Jacarezinho, LabJaca, recém-citado como referência pelo The New York Times, foi responsável pela análise.
“Dentro da favela, a partir de famílias em sua maioria em condição de vulnerabilidade social, a ineficiência acaba afetando as famílias mais pobres dentre as mais pobres. São as que menos têm conhecimento sobre seus direitos, como a Tarifa Social de Energia Elétrica. São elas as que mais sofrem com a ineficiência do serviço, as que mais ficam sem luz e as que ficam mais tempo para que a luz retorne”, disse Kayo.
Procurada pela reportagem do DIÁRIO DO RIO, a Light, empresa responsável pela distribuição de energia elétrica em boa parte da Região Metropolitana do Rio, ainda não se posicionou sobre o conteúdo da matéria.
Teria sido bom saber mais sobre está tarifa social. Se não me engano, ela implica em uma quantidade limite de consumo de energia. Se sim, nesses tempos de muito calor e de uso intenso de produtos eletrônicos, essa restrição não seria facilmente quebrada?
Meu cunhado mora na favela. O ar dele não aguenta pois fica 24h ligado. Essa pesquisa é em que cidade? Não no RJ.
Essa matéria é pra esbofetear a gente que mora no asfalto e paga contas altíssimas, moro perto de comunidade e vejo que ninguém paga nada, na época da UPP a Light instalou relógios e cobrava a tarifa social, era bem baratinho, hoje os traficantes voltaram, arrancaram todos os relógios e ninguém paga mais nada, tem casas que ficam o dia inteiro com luz, TV e ar-condicionado ligados, não pagam nem água. É um acinte.
Mentira ! Nas favelas 99 % não pagam energia e água… E isso é fácil de comprovar: Basta entrevistar uma MEIA DÚZIA e vão comprovar o que todo mundo já sabe.