Fechamento de abrigo feminino na Tijuca provoca críticas de frequentadoras

Mulheres em situação de rua, que utilizavam o local, enfrentam realocação controversa enquanto o espaço de acolhimento é convertido para atender somente homens

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Moradora em situação de Rua
Espaço de acolhimento para mulheres em situação de rua fecha na Tijuca. Reprodução: Tânia Rêgo/ Agência Brasil.

Na última segunda-feira (08), a Prefeitura do Rio de Janeiro fechou um abrigo na Tijuca, Zona Norte do Rio, que era dedicado exclusivamente ao acolhimento de mulheres em situação de rua. O espaço, na Rua Haddock Lobo, será convertido agora em um ambiente de acolhimento para pessoas do sexo masculino.

Ao Jornal G1, as frequentadoras do local declararam que estão sendo prejudicadas com o fechamento do albergue devido aos vínculos que possuem com o bairro. “Eu vou para o abrigo na Ilha do Governador e faço tratamento aqui na Tijuca. Vai me atrapalhar muito. Já estou aqui há 4 anos”, expôs Rosana Rodrigues, 48 anos, paciente no Centro de Atenção Psicossocial (Caps) Mané Garrincha, localizado no bairro do Maracanã, ao jornal.

O Centro Provisório de Acolhimento (CPA) V foi inaugurado em 2020, durante a pandemia de Covid-19, como um dos três abrigos exclusivamente destinados às mulheres, oferecendo um total de 76 vagas. No entanto, segundo as mulheres que frequentam o local, as vagas são consideradas insuficientes para atender a demanda da população em situação de rua.

Também ao G1, Leo Motta, um ex-morador de rua que trabalha em projetos sociais com mulheres em situação de vulnerabilidade, destaca que o fechamento do abrigo representa um grande problema para essa população feminina de rua.

“Retirar a população feminina, que não é o corpo mais vulnerável da calçada uma vez todos são vulneráveis, mas é o corpo mais exposto, para se transformar em abrigo masculino é uma péssima ideia. São aquelas que carregam diversos traumas. São violentadas. Fisicamente, verbalmente, mentalmente o tempo inteiro. A rua é casa de muitos, mas não deveria ser de ninguém”, ressalta o ex-morador de rua ao G1.

Em nota, a Secretaria Municipal de Assistência Social (SMAS) comunicou que, ao analisar o perfil das mulheres atendidas na unidade ao longo de um ano, constatou que a maioria necessitava de cuidados prolongados. A taxa de ocupação do albergue, segundo os registros internos, não alcançava seus objetivos de maneira satisfatória.

De acordo com a SMAS, houve a transferência para unidades especializadas no atendimento a mulheres em maior situação de vulnerabilidade na nossa cidade, em colaboração com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS)

A direção do CPA da Tijuca propôs como alternativa de realocação as duas Unidades de Reinserção Social (URS) apenas femininas. A URS Irmã Dulce, no Rio Comprido com apenas 16 vagas, e a da URS Ilha do Governador, onde a capacidade será aumentada para 100 vagas.

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