Felipe Góes: Lembrando Olavo Monteiro de Carvalho

Colunista do DIÁRIO DO RIO fala sobre a atuação de sucesso do empresário Olavo Monteiro de Carvalho nos preparativos para a candidatura do Rio para ser sede Jogos Olímpicos de 2016

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Foto: Alexandre Macieira | Riotur

Neste 20 de maio, completaram-se sete meses da morte do empresário carioca Olavo Monteiro de Carvalho. Entre suas realizações, Olavo dirigiu o Grupo Monteiro Aranha e foi conselheiro de companhias de muito sucesso, como Klabin e Ultrapar. Olavo tinha duas grandes paixões: a sua cidade e o seu clube – o Vasco da Gama. Olavo foi também presidente da Associação Comercial do Rio de Janeiro entre 2005 e 2009. Neste capítulo se insere uma história pouco conhecida da sua vida.

Em 2007, o Rio de Janeiro era candidato para sediar os Jogos Olímpicos de 2016. A candidatura era vista com descrédito aqui e fora do Brasil. A cidade era considerada o azarão na disputa com as poderosas oponentes – Chicago, Paris e Toquio. Além de problemas crônicos na segurança pública e transporte, o Rio não tinha infraestrutura de estádios e equipamentos esportivos necessários para o maior evento esportivo do planeta.

Foi neste contexto, que o Comitê de Candidatura do Rio vislumbrou que a forma de virar o jogo seria transformar essas fraquezas no diferencial da cidade. Se o Rio conseguisse demonstrar a dimensão das transformações que os Jogos trariam para a cidade, haveria uma chance dos membros do COI (Comitê Olímpico Internacional) se sensibilizarem e quebrarem a tradição de realizar os Jogos Olímpicos apenas em cidades ricas em países desenvolvidos. Nunca uma cidade da América do Sul havia sido sede dos Jogos. Portanto, o capítulo “legado” da candidatura passou a ser a grande arma da candidatura do Rio.

O Comitê precisava de um plano crível, bem articulado e que contasse com a participação da sociedade civil. Idealmente, deveria ser liderado por alguém de fora dos governos para demonstrar o engajamento da sociedade no pleito. Olavo era a pessoa ideal para tocar essa empreitada. Era o presidente da Associação Comercial, apaixonado pelo Rio, com capacidade única de mobilização e articulação da sociedade carioca.

O Comitê fez o convite e o Olavo topou o desafio imediatamente. Ele enxergou nos Jogos Olímpicos a chance de mobilizar recursos e, principalmente, criar senso de urgência para projetos fundamentais para a cidade. Seria também uma oportunidade ímpar para a cidade ser vista no mundo inteiro. Uma vitrine global para o Rio.

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O empresário Olavo Monteiro de Carvalho.

O primeiro passo foi assegurar funding privado para o projeto. Olavo rapidamente juntou um grupo de 20 empresários, sem qualquer relação com obras ou interesses econômicos nos Jogos, e conseguiu os recursos para contratar os consultores e especialistas que montariam o plano. Olavo, com grande habilidade, superou, inclusive, o bairrismo que muitas vezes separa São Paulo e Rio, conseguindo que parte relevante deste grupo fosse integrada por empresários paulistas. O interesse era genuinamente fazer a candidatura dar certo, não só pelo Rio, mas pelo país.

Sob a liderança do Olavo, esse grupo acompanhou o trabalho dos consultores e especialistas que, em coordenação com os governos e o Comitê da Candidatura, montaram o capítulo “legado”.

Em outubro de 2009, o Rio venceu a disputa, com o COI reconhecendo publicamente o capítulo “legado” como o maior diferencial da candidatura. Era, sim, a cidade menos preparada. Mas era, também, a que mais poderia se transformar com os Jogos.

Colocar os projetos da cidade no plano da candidatura criou o constrangimento saudável entre governos e sociedade. Foi assim que projetos tão importantes saíram do papel, como a revitalização da região portuária, a extensão do metrô até a Barra, os BRTs (corredores de ônibus articulados) Transoeste e Transolímpica, o VLT (bonde elétrico) do Centro, o Parque Olímpico da Barra, o Parque Radical de Deodoro e 20 mil novos quartos de hotel na cidade. Pode-se argumentar que cedo ou tarde alguns desses projetos seriam implementados, mas os Jogos trouxeram o senso de urgência e os recursos necessários para que virassem realidade em um prazo tão curto.

Olavo pôde ver e se orgulhar de todas essas transformações na sua cidade. Ele teve um papel importantíssimo e nunca demandou nada em troca. Que sirva de exemplo para todos nós fazermos mais pelas nossas cidades.

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