Estar vivo é estar livre. Ainda estou me recuperando de sábado. Me encontro em um limbo entre realidade, ficção e ressaca. Já chorei várias vezes vendo os vídeos, as fotos. É clichê, mas nenhuma palavra vai descrever o que sinto. Vou escrever um livro de crônicas sobre, só que mesmo assim isso não vai traduzir o que minha alma está tentando dizer. É uma comunicação que ainda não sei ler. E talvez nem precise. Tem coisa que é para sentir, não para entender.
Quando não consegui ingresso para a final, entendi que não era para eu estar lá. Fui em todos os jogos no Maracanã desta campanha na Libertadores. Em 2008, só fui na final. A partida contra o Boca e tanta gente, assisti em um bar com os amigos com quem dividi a arquibancada tantas e tantas vezes. Aliás, amigos maravilhosos. Sempre presentes na JJ 14. Quinze anos depois, somos campeões da América.
Todas as torcidas têm essa narrativa de “pra gente é tudo sofrido”, mas só o tricolor sabe o que é morrer e voltar à vida. Ressuscitar. O Fluminense sangra, morre a prazo para depois viver com juros. Eu juro para vocês. Mas vocês não vão saber.
Imagina, você disputar um título por 15 anos? Imagina sentir que precisa dessa conquista para se sentir completo, vivo? Pois é. A maioria esmagadora dos grandes títulos do Fluminense foram nos últimos minutos, na bacia das almas. É difícil manter o coração batendo nesse ritmo, no entanto, a gente consegue. A gente acredita. Vivos e mortos. Saindo de suas casas ou de suas covas.
Quinze anos depois, a noite do dia 2 de julho de 2008 acabou. Podem acreditar que o novo dia raiou. Corram e olhem o céu que o sol trouxe. Bom dia 4 de novembro de 2023. Estamos vivos. Estamos livres. Somos campeões da Libertadores. Vamos desfrutar o momento, como disse Fernando Diniz. E esse momento vai ser eterno.
