Paixão, desejo, família, traições. Tudo isso faz parte da jornada humana nessa terra. Essa crônica não é exatamente sobre o Rio de Janeiro. Mas aqui tem todas essas coisas, de forma intensa. O que inspira o texto de hoje é o filme O Rio de Desejo, baseado no conto “O Adeus do Comandante”. É um belo filme nacional que fala muito de amor. Acaba por mostrar um pouco da cultura brasileira, em especial, amazônica, e o quanto a gente é apaixonado, o quanto a gente é sexual, e alguns dos problemas que isso acarreta.
Como é difícil viver a vida de forma reta ao se encontrar uma paixão que tira dos trilhos, destrói os filhos. Não é um filme feliz, então não assista esperando sorrisos. Também não diria para ir esperando chorar, mas eu chorei. Talvez lhe faça pensar. Principalmente se você já amou tão louca e impulsivamente.
Ou seja, se você já sentiu as dores do amor, ou, mais especificamente, da paixão. Afinal, o Amor talvez tenha mais a ver com tranquilidade enquanto a paixão é arrebatadora, com sabor de morte e vida, vaidade.
Fuga
Em verdade, pessoalmente, o filme mexeu bastante comigo. Lembrei do passado. Quem nunca traiu ou foi traído? Por companheiros, amigos, irmãos, ou inimigos? Quanto vale a pena se entregar a uma paixão? Dá para fugir?
O filme O Rio de Desejo adentra sentimentos muito humanos por mais que possam ser extremamente sombrios. Tem ciúme, inveja, traumas. Reverberações de consequências da palavra que vai no título: desejo.
O personagem Dalberto, de Daniel Oliveira, encara missões que nunca faria antes em nome desse desejo, dessa paixão por Anaíra, personagem de Sophie Charlotte, a qual, ao mesmo tempo que ilumina por onde passa, provoca sensações incontroláveis. Dalberto fica cego, surdo, mudo. Vai da felicidade até a preocupação, sente tudo, ri como nunca antes e sofre como nunca depois.
Talvez o mais fácil possa ser só viver no feijão com arroz. Mas a pimenta queima e dá sabor.
O Rio do Desejo estreia nos cinemas brasileiros em 23 de março.
