Um levantamento do Observa Infância da Fiocruz aponta que a cada dia, oito bebês brasileiros, de até um ano de idade, são levados aos hospitais por desnutrição. O estudo, com base em dados do Ministério da Saúde de 2008 a 2021, apontaram que no ano passado, o Sistema Único de Saúde (SUS) registrou 2.979 hospitalizações de brasileirinhos durante o segundo ano da pandemia (2021). O número representa uma média de 113 internações a cada 100 mil nascimentos, o maior número absoluto dos últimos 13 anos.
Em 2022, até 30 de agosto, a rede pública de saúde registrou o total de 2.115 internações de bebês por desnutrição, o que eleva para 8,7 a taxa média de hospitalizações diárias – um aumento de 7% em comparação com 2021.
A pesquisa ainda mostra que bebês negros (pretos e pardos) respondem por dois de cada três internações por desnutrição registradas entre janeiro de 2018 e agosto de 2022 no sistema público de saúde. Para o cálculo, foram considerados apenas os casos em que há registro de raça/cor. Entre 2018 e 2021, o país registrou 13.202 hospitalizações por desnutrição entre menores de um ano. Destas, 5.246 foram de bebês pretos e pardos, mas falta informação sobre raça/cor em um de cada três registros.
“Ainda precisamos melhorar muito a identificação por raça e cor nos nossos sistemas de informação, mas com os dados que temos é possível afirmar que temos uma proporção maior de crianças pretas e pardas internadas por desnutrição”, afirma Cristiano Boccolini, pesquisador do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz) e coordenador do Observa Infância.
Boccolini ressalta que, embora sejam mais graves no Nordeste, os dados são alarmantes em todo o Brasil e também no Rio de Janeiro. “É preciso ser mais eficiente em identificar e alcançar famílias com vulnerabilidade social”, afirma.
Taxa de hospitalização
Desde 2016, a taxa de hospitalização por desnutrição entre bebês menores de um ano vem subindo no Brasil, mas chegou à pior marca em 2021, com 113 internações para cada 100 mil nascidos vivos, um aumento de 51% em relação a 2011, quando o país registrou 75 hospitalizações de bebês para cada 100 mil nascidos vivos, a menor taxa do período analisado, considerando os anos completos (2009-2021).