Fogos de artifício com barulho podem ser proibidos no Rio

Projeto de lei permite apenas o uso de fogos de efeitos luminosos, sem som, e tem o objetivo de reduzir o impacto sonoro no bem-estar de animais na cidade

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Réveillon Copacabana - Foto: Alexandre Macieira | Riotur

A proibição dos fogos de artifício que produzem barulho no município do Rio, objeto do Projeto de Emenda à Lei Orgânica nº 22-A/2018, foi tema de uma audiência pública na Câmara Municipal do Rio na última quinta-feira, (27/10). De autoria dos vereadores Luiz Ramos Filho (PMN) e Alexandre Isquierdo (União), e dos ex-vereadores Prof. Célio Lupparelli e Prof. Adalmir, o projeto permite apenas o uso de fogos de efeitos luminosos, sem som, ou com barulho de intensidade inferior a 85 decibéis, com o objetivo de reduzir o impacto sonoro no bem-estar de animais na cidade.

A reunião, promovida pela Comissão Permanente dos Direitos dos Animais, contou com a participação de representantes da sociedade civil e do Poder Público.

Presidente da comissão, o vereador Ramos Filho destacou que a proposição tramita na Casa Legislativa há quatro anos. “Apresentamos um projeto que muda a Lei Orgânica, e não é fácil. A mudança envolve interesses econômicos”. Segundo o parlamentar, se há impactos econômicos, a cidade poderia se beneficiar, com a implementação do projeto, com a redução de gastos públicos. “Existem impactos econômicos, mas também há gastos públicos, no sentido de absorver as pessoas que dão entrada nos hospitais, feridas pelos fogos”. Em 2018, o mandato do parlamentar enviou um requerimento de informação à Prefeitura do Rio, que respondeu que, naquele ano, 821 pessoas precisaram ser atendidas nos hospitais por causa de queimaduras, lesões oculares, entre outras gravidades.

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Na vizinha Niterói, no início deste ano, entrou em vigor a Lei nº 3684/2022, que proíbe o manuseio, a utilização, a queima e a soltura de fogos de estampidos e de artifícios, assim como de quaisquer artefatos pirotécnicos de efeito sonoro ruidoso ou com potencial de produzir danos substanciais à saúde e vida humana e animal e ao meio ambiente.

“Lutamos um ano para que o projeto pudesse ser aprovado na Câmara dos Vereadores. Agora, ele será regulamentado para a definição de alguns pontos, como quem irá fazer a fiscalização”, informou Marcelo Pereira, subsecretário municipal de Meio Ambiente de Niterói.

Representando a sociedade civil, o presidente da Sociedade União Internacional Protetora dos Animais (Suipa), Marcelo Mattos Marques, relatou os problemas sofridos pelos cerca de 2 mil animais da instituição, causados pela queima de fogos na região do Jacarezinho.Em breve, teremos os jogos da Copa do Mundo. Além disso, os fogos costumam ser a forma de comunicação do tráfico na região”, alertou. Para ele, a beleza está na luminosidade e no espetáculo das cores no céu. “Não vejo o porquê do barulho. Fico feliz em ver que o país está ampliando as leis de proteção aos animais. No entanto, elas precisam ser cumpridas”.

As irmãs Andreia e Adriana Cassas, do Movimento Rio sem Estampidos, afirmaram que a cidade do Rio de Janeiro precisa evoluir e se adaptar às necessidades da sociedade. Para Andreia, a emenda do vereador Átila A. Nunes pode ampliar o problema. “Não há fiscalização quando a ação não é totalmente proibida”. Já Adriana trouxe proposta de uma empresa de pirotecnia, que teria uma técnica capaz de reduzir em 50% o barulho dos fogos. “Os custos são mais altos, mas eles poderiam ser absorvidos pela empresa, sem onerar a prefeitura”.

As pessoas com transtorno do espectro autista estiveram também representadas na audiência pública. Jéssica Melo, médica neuropediatra e irmã de um autista, falou sobre a dor que os fogos podem causar nas pessoas. “Os batimentos cardíacos e a pressão arterial aumentam. Peço que a proposta seja olhada com carinho. As pessoas se encantam pelo show visual, e não pelo barulho”.

Líder do governo de Eduardo Paes, o vereador Átila A. Nunes se mostrou sensível à causa, mas pontuou algumas questões que possam atrasar o processo de tramitação do projeto, como a existência de editais já publicados e de contratos em andamento para o réveillon na cidade do Rio. “Precisamos analisar os impactos em termos legais”. A representante da Secretaria Especial de Turismo, Carla Cabral, disse entender as argumentações, mas também citou os contratos em andamento. “Temos que encontrar um denominador comum e um caminho para todos, mas a festa do réveillon é tradicional e traz recursos para a cidade”.

Para o vereador Luiz Ramos, o trâmite do projeto já teve um avanço na Casa, com sua aprovação em 1ª discussão. Na 2ª discussão, será necessário o apoio de 34 vereadores. “Nós não queremos acabar com a festa, pelo contrário, queremos que o réveillon seja uma festa que contemple a todos. O Rio precisa ser protagonista na questão da reforma de legislações. Temos que ter a iniciativa e a coragem para mudar a legislação e melhorar a vida das pessoas e dos nossos animais”, concluiu.

Estiveram ainda presentes os vereadores Dr. Marcos Paulo (PSOL), vogal do colegiado, e o vereador Willian Coelho (DC).

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