O Mapa da Fome da Cidade do Rio de Janeiro revela que o acesso à alimentação adequada se dá de forma desigual na geografia da capital fluminense. A AP 3 (Zona Norte sem a Grande Tijuca) é a mais atingida pela fome. São 10,1% das casas.
A fome é maior nos lares chefiados por pessoas negras (em 9,5% desses domicílios). Quando o estudo faz a análise por gênero, 8,3% das famílias comandadas por mulheres também não têm o que comer.
“A gente faz o que pode, tenta ajuda, se vira com os trabalhos que aparecem, mas tem vezes que não tem o que comer. Meus filhos e eu ficamos com fome“, conta Fátima Oliveira, que vive de bicos como empregada doméstica e mora no Jacaré com seus três filhos. O mais velho tem 8 anos. A do meio 6 e o mais novo completou 4 recentemente.
Outros indicadores mostram que a fome está presente em 16,6% das famílias lideradas por pessoas com escolaridade mais baixa. Os pratos também estão vazios em 18,3% das casas onde a pessoa de referência está desempregada, e em 34,7% dos domicílios com renda per capita mais baixa.
“Dói ver um filho pedir alguma coisa pra comer e a gente não ter nada pra dar”, se emociona Luciana Almeida, desempregada, moradora da favela Terra Nostra, mãe de dois filhos gêmeos que estão com três anos de idade.
As estatísticas foram coletadas entre novembro de 2023 e janeiro de 2024, a partir da realização de entrevistas em 2 mil domicílios das cinco Áreas de Planejamento (APs) do município.
A Segurança Alimentar e a Insegurança Alimentar foram medidas pela Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA), que também é utilizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A terceira matéria da série Fome na Cidade Maravilhosa será publica nesta sexta-feira, 31/05, e terá como tema a falta de água potável em lares onde não se tem o que comer.