Depois de Minas Gerais e São Paulo, o Rio de Janeiro pode ser o próximo estado do Sudeste a sofrer com fortes chuvas. Em nota, a Defesa Civil Nacional informou que foram emitidos avisos meteorológicos de grande perigo de fortes chuvas (vermelho) pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) para o Rio de Janeiro nos próximos dias. Os temporais podem ser acompanhados de granizo e rajadas de vento superiores a 100 quilômetros por hora (km/h).
De acordo com o Inmet, o volume de chuvas previsto é acima de 100 milímetros (mm) por dia. As áreas com maior risco no estado do Rio de Janeiro ficam no sul e centro fluminense e na Região Metropolitana.
Outros especialistas confirmam a possibilidade. Christovam Barcellos, coordenador do Observatório de Clima e Saúde e vice-diretor de Pesquisa e Ensino do Icict/Fiocruz, alerta sobre as chuvas e as questões relacionadas.
“Já choveu forte no sul da Bahia, foi descendo para Espírito Santo, Minas e agora São Paulo, então, provavelmente, vai chegar ao Rio de Janeiro essa estação de chuvas intensas com calor. O que nos preocupa são as questões de saúde. Esses temporais podem causar desastres, enchentes em cidades do interior banhadas por rios, deslizamentos de terra na serra, e as questões de saúde relacionadas, como possíveis surtos de leptospirose e isolamento de pessoas, pois temos cidades no interior do estado do Rio que dependem de poucas estradas e as chuvas fortes, às vezes, fecham essas vias”, afirmou Barcellos.
Barcellos alerta, ainda, que essa condição é agravada, porque as frentes frias ficam retidas entre Minas Gerais, Espirito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo e isso sobrecarrega a umidade do ar que vem da Amazônia e do Oceano Atlântico, provocando temporais na a região sudeste. Além de estarmos em um verão impactado pelo fenômeno La Niña — caracterizado pelo resfriamento das águas do Oceano Pacífico.
Resultado das mudanças climáticas pelas quais o mundo vem passando, La Niña, no Brasil, provoca altas temperaturas e maior ocorrência de secas no Sul. Chuvas mais fortes na Amazônia, o que leva ao aumento na vazão dos rios e enchentes. No Nordeste, também passa a chover mais e de forma mais abundante. No Sudeste e Centro-Oeste, os efeitos são imprevisíveis.
Em Minas Gerais e São Paulo, pelo menos 53 pessoas morreram em decorrência das cheias e deslizamentos no primeiro mês de 2022. De acordo com a Defesa Civil, há 410 cidades em situação de emergência por causa das chuvas em Minas e foram contabilizadas 8.109 pessoas desabrigadas e 57 mil desalojadas em função dos temporais. Em SP, dez municípios da região metropolitana decretaram situação de emergência. Até o momento, o número de desaparecidos está em torno de dez pessoas. Foram 24 mortos.