Os servidores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) do Complexo Chile no Rio de Janeiro iniciaram uma greve nesta segunda-feira, que segue até o dia 29 de novembro. A paralisação é uma resposta às propostas do direção do Instituto que, segundo os servidores, ameaçam a autonomia e a qualidade dos serviços prestados pelo órgão.
Ainda de acordo com os servidores, a greve é motivada por três causas centrais.
1 – A criação da Fundação Pública de Direito Privado IBGE+: Os servidores criticam a criação de uma fundação pública de direito privado, IBGE+, que foi criada sem diálogo prévio com servidores e que poderia prejudicar a autonomia e a independência do órgão ao possibilitar o recebimento de recursos privados para a realização de pesquisas.
2 – Mudança dos servidores do Complexo Chile para local sem infraestrutura de transporte e acessobilidade:A transferência dos servidores do complexo da Avenida Chile, que abrange as diretorias de Pesquisas, de Geociências e de Tecnologia e Informação para prédio do SERPRO no bairro do Horto é vista como uma medida que pode afetar negativamente o trabalho e a qualidade de vida dos servidores, que gastarão mais tempo e mais dinheiro para chegar ao trabalho.
3 – Alteração no regime de trabalho: Os servidores também se opõem às mudanças no regime de trabalho de forma intempestiva e sem considerar as normas do Ministério de Gestão e Inovação, que podem prejudicar a qualidade dos serviços.
Os servidores do IBGE exigem que a direção abra diálogo com os servidores da casa, pois todas essas decisões foram tomadas de forma unilateral pela gestão atual. Os servidores pedem a criação de comissões tripartite (direção, sindicato e servidores) para cada um dos pontos elencados para que se discuta o melhor para a instituição e seus servidores.
A fundação IBGE+ representa uma ameaça ao próprio IBGE, que é principal órgão das estatísticas oficiais do país. Ele deve ser financiado com recursos públicos e não receber recursos privados, que é a finalidade dessa fundação privada. O IBGE precisa manter a sua autonomia e credibilidade.
As diretorias de Pesquisas e de Geociências são as diretorias finalísticas da instituição e não podem ter seus servidores deslocados para fora do eixo central da cidade do Rio de Janeiro, como argumentam os servidores do Instituto.
E a mudança no regime de trabalho, de remoto integral para híbrido, de forma intempestiva, levou à perda de técnicos com longa experiência nos trabalhos da casa.
“Essa greve é uma medida extrema, mas necessária para proteger o IBGE e seus servidores“, afirmou um representante do sindicato dos servidores.