G20: uma bela festa, digna da cidade maravilhosa, mas falta incluir o povo

O sol se abriu sobre a Guanabara, descortinando um cartão postal da cidade, sede da Reunião G20. Além celebrações dos líderes globais, é preciso colocar em prática Políticas Públicas de Inclusão. Ou tudo acaba em pizza e só vai restar a lembrança do “Janjapaloza”.

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Chefes de Estado se reúnem para foto oficial após reunião do G20 — Foto: Ricardo Stuckert/PR

Muito bacana a festa do G20 no Rio de Janeiro. Estão de parabéns o governo federal e a prefeitura por toda organização do evento, que traz muita visibilidade para a cidade em termos de oportunidades na agenda global.

O Rio de Janeiro recebendo líderes de 40 países e 15 organismos internacionais, além das diversas agendas paralelas e reuniões colaterais.  A diplomacia brasileira, como anfitriã tem a prerrogativa de propor as agendas  do encontro e me pareceu muito acertada as pautas sugeridas:

Primeiro uma ação propositiva em prol do dois primeiros ODS (Objetivos do Desenvolvimento Sustentável) com o lançamento da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza. Uma iniciativa que busca implementar políticas públicas de redução da fome, gestão dos recursos globais da produção de alimentos e logística, a fim de que nenhum ser humano venha a padecer de fome ou extrema pobreza. Uma segunda pauta diz as mudanças climáticas, com uma mobilização global de recursos para transição energética e adaptação climática, conforme propostas do Acordo de Paris de 2015.

Há outros temas sugeridos e que embora sejam muito importantes, são de aplicação mais lenta, considerando as dinâmicas nacionais: A debates sobre uma governança global mais participativa nas nações unidas, uma proposta para taxação de grandes fortunas e direcionamento dos recursos para combate á fome e finalmente uma visão da Geopolítica voltada para acordos de paz nos conflitos da Ucrânia e Israel. Sem dúvida são temas que devem ser debatidos, mas onde o avanço não se dará por conversas e acordos mas sim pela imposição diante algum “enforcement” global, ou imposições coercitivas em face a alguma realidade de força  maior.


Muito interessante o artigo publicado no Vatican News por Pe. Marcus Vinicius Brito Macedo, assessor espiritual da ADCE Rio, link que copiamos abaixo e que sugerimos visitar o texto. Pe. Marcus demonstra que estes temas da atual pauta do encontro de governantes, já vem sendo proposto pela Igreja desde muito tempo, e especialmente com o Papa Francisco. Uma abordagem integrada entre ética e ação política, uma visão de um sistema financeiro mais inclusivo e um maior cuidado com meio ambiente e recursos naturais, que ele denomina Casa Comum.

 O Papa Franciso, já com 88 anos, mostra uma visão de vanguarda e com grande liderança apoia a sugestão para uma grande Aliança Global contra a Fome e Pobreza, mas deixa claro que não há progresso sem diálogo e entendimento. O Santo Padre tem insistido na necessidade de resolver conflitos por meio de uma diplomacia paciente, lembrando que a paz é uma construção negociada e que exige renunciar a posições fundamentalistas.

Também na política é preciso construir entendimento. Não se avança com acusações, enfrentamento e chamando outro espectro de extremista, fascista, mortadela e propondo exterminar os indesejáveis. Muito menos é possível achar normal agressões desnecessárias, como fukiou cara pálida.  Se fazemos uma grande festa para mostrar ao mundo um exemplo de inclusão social é preciso por primeiro entender que somos um povo com diversidades e que todos merecem respeito. É muito constrangedor ver uma esposa de político dizer algo cheio de ódio, como: “temos uma aliança e parceria com alguns tribunais para capturar a oposição”. Isto não é democracia, e não são ações que produzem a paz, ao contrário o resultado é um acirramento de ânimos que resulta em maior desconfiança entre os atores sociais e políticos.

Que o G20 nos permita virar uma página de conflitos institucionais e de um baixo nível de ativismo político com agressões. É preciso que o debate se traduza em melhores políticas de cidadania e inclusão. Durante os dias do encontro de líderes, as pessoas foram retiradas das ruas. As principais avenidas fechadas para o povo, algumas estações de metrô e VLT foram fechadas, muitas barricadas e presença ostensiva de polícia e exército. Grande parte do comércio foi prejudicada, com cancelamento de feiras, fechamento de postos de gasolinas e lojas. Apesar do G20 social com show de artistas e encontros de movimentos como MST, coletivo de favelas, sindicatos, a região do centro foi interditada pela organização que exigia inscrição com barreiras de acesso. Uma festa sem povo de verdade. Mas ainda assim é uma iniciativa positiva e que para gerar frutos precisa de vontade política muito além do ativismo. Caso contrário vão ficar apenas as fotos e as lembranças das socialidades de gente que curtiu seus dias de deslumbre como celebridade global.

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