Carnaval é meio de vida, não de morte. É um momento de rara alegria e não de tristeza.
Pois há dois pontos que me chamam atenção na insistência de algumas autoridades, que, mesmo diante de recomendações científicas contrárias, pretendem realizar o evento na Marquês de Sapucaí.
O primeiro é o mais evidente de todos. No mundo inteiro, celebrações de distintas naturezas estão sendo canceladas, pois, dia após dia, aumenta o número de pessoas infectadas e ainda não se sabe bem o potencial letal da ômicron.
Também é preciso conter o novo vírus rapidamente, antes que ele possa passar por uma nova mutação e a situação, que, já é difícil, saia do controle de vez.
É uma questão eminentemente científica, nada a ver com ser contra ou a favor do Carnaval, ou questões religiosas.
Ninguém também nega o prejuízo econômico e social que o cancelamento pode causar, mas a realização da festa pode trazer consequências muito mais graves à saúde pública com a perda de vidas.
A segunda questão merece uma reflexão mais profunda. Um país que recentemente perdeu milhares de pessoas, tios, irmãos, pais, amigos etc para a Covid tem o que para comemorar e rir?
Se um marciano descesse aqui no Carnaval e visse aquela multidão cantando, todos sambando alegremente e sorrindo, iria certamente dizer que algo extraordinário estava sendo comemorado. Jamais poderia supor que recentemente morreram mais de 600 mil pessoas na Terra.
Alguém lendo esse artigo poderia dizer: mas eu não perdi parente nenhum!
Desculpe, cidadão, o Brasil é que está de luto coletivo.
Ou será que perdemos a noção de solidariedade e esse papo de se preocupar uns com os outros é só para dar audiência na TV?
Este é um artigo de Opinião e não reflete, necessariamente, a opinião do DIÁRIO DO RIO.