Governo do Estado comprou quantidade de soro que daria para 60 anos de uso

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Foto: Divulgação - Governo do Estado do Rio de Janeiro

A Pandemia do novo coronavírus mostrou o lado ainda mais sombrio dos governantes brasileiros, pois muitos se aproveitaram da situação de desespero e urgência sanitária para lesar os cofres e os cidadãos, como contribuintes e como seres humanos.

Reportagem do “Fantástico” (TV Globo) deste domingo (24/01) mostrou que os 7 hospitais de campanha idealizados pela administração do governador afastado, Wilson Witzel, continuam a drenar os recursos públicos do Estado do Rio de Janeiro. Todos os equipamentos e materiais das unidades de São Gonçalo e Maracanã (as únicas que funcionaram) foram levados para um depósito após o fechamento. No local, a reportagem encontrou de cobertores a respirados ainda nas caixas. O aluguel do espaço custa R$ 1 milhão por mês

O atual secretário de Estado de Saúde, Carlos Alberto Chaves, cancelou os contratos assinados por Edmar Santos, ex-chefe da pasta. Segundo o Fantástico, alguns produtos adquiridos por Edmar, em conluio com o então subsecretário executivo Gabriell Neves, não passaram por licitação. A dupla comprou mais de 4 milhões de frascos de soro fisiológico e glicosado, no valor total de R$ 20,9 milhões. Essa quantidade supriria as necessidades de 11 unidades de Saúde do Estado por mais de 60 anos, caso a validade do produto não fosse de apenas 2 anos.

Testes sem eficácia

A administração de Witzel comprou ainda 50 mil testes rápidos de Covid-19, no valor total de R$ 9 milhões. O material não pode ser usado ou vendido por falta de eficácia comprovada pela Vigilância Sanitária. Cada item custou R$ 180, o dobro de um teste de farmácia semelhante.

A empresa TotalMed, fornecedora dos testes rápidos que estão no depósito desde junho de 2020, disse à reportagem que “a contratação ocorreu no auge da pandemia e da notória escassez de insumos”, mesmo assim, a empresa também doou 20 mil testes ao Estado. Ela garantiu ao Fantástico não haver “hipótese para superfaturamento”.

De acordo com o Fantástico, o Instituto de Atenção Básica e Avançada à Saúde (Iabas), contratado para instalar e administrar os hospitais de campanha afirmou que “todos os equipamentos entregues foram inventariados por empresa especializada, todos em perfeito funcionamento”. Ainda de acordo com o Fantástico, Edmar Santos não se manifestou, e a defesa de Gabriell Neves diz que “todos os contratos que ele assinou respeitaram estrita legalidade”.  Wilson Witzel, por sua vez, afirmou que afastou os suspeitos de ilegalidade e o impeachment é político.

Ministério Público

O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro está à frente das investigações dos indícios de corrupção e superfaturamento em compras milionárias feitas pelo governo do Rio. Por conta das investigações, governador Wilson Witzel foi afastado do cargo e responde a um processo de impeachment. O então secretário de Estado de Saúde, Edmar Santos, chegou a ser preso e se tornou delator.

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