A alíquota ICMS pode aumentar de 18% para 20%, isso, o aumento do imposto é iniciativa do deputado Luiz Paulo (PSD) e a Alerj aprovou nesta quarta-feira (06/12), em discussão única. A matéria é uma das apostas para tentar reduzir o déficit orçamentário de 2024 do governo, cuja previsão é de R$ 8,5 bilhões. Com o aumento da alíquota, a expectativa é que a arrecadação receba um incremento de R$ 1,9 bilhão ao ano. A proposta seria uma forma de contribuir para o equilíbrio orçamentário e fiscal necessários do estado.
Caso aprovado, porém, ele só passaria a valer para 2024, já que pelo princípio da anualidade um imposto aprovado em 2023 só pode começar a vigorar no ano subsequente. O mesmo vale para o princípio Nonagesimal, que determina que o fisco só pode exigir um tributo instituído ou majorado decorridos 90 dias da data em que foi publicada a lei que o instituiu ou aumentou.
Segundo o parlamentar, o objetivo é amortizar as perdas de arrecadação devido às Leis Complementares Federais 194/2022 e 192/22, que definiu os combustíveis, a energia elétrica, as comunicações e o transporte coletivo como bens essenciais e, portanto, reduzindo as alíquotas entre 17% e 18%. Com isso, somente no segundo semestre de 2022 as perdas foram calculadas em R$ 4,9 bilhões.
O ICMS é um imposto estadual, incide sobre circulação de mercadorias e serviços em todas as etapas de uma transação comercial. Além disso, é importante ressaltar que quando se trata de prestação de serviços, isso inclui transporte, energia elétrica e telecomunicações. No Estado do Rio, por exemplo energia usa a alíquota máxima de 18%, de imaginar que subiria para 20%
Mas aumentar imposto não significa necessariamente aumentar a arrecadação. O Nobel de Economia Joseph Stiglitz, em sua obra sobre Economia do Setor Público ensina que a incidência do ônus tributário depende da organização dos mercados (grau de concorrência), da resposta da demanda e da oferta a aumento de preços (do formato das respectivas curvas, que indicam a sensibilidade de produtores e consumidores a mudanças em preços). Impostos sempre irão gerar impacto sobre o consumo — lembra Stiglitz que o objetivo de todo imposto é transferir poder de compra dos indivíduos para o governo. A questão é se o impacto é o esperado — aumento da arrecadação e diminuição do consumo — ou se efeitos não antecipados serão gerados.
Um exemplo claro, no próprio Rio de Janeiro, é a excessiva carga tributária sobre cigarros, que acabou criando o mercado de cigarros ilegais. De acordo com o especialista em segurança, Rodrigo Pimentel, na entrevista no O Poder nos Bastidores, é neste contrabando que milícias e narcotráfico estão faturando, assista:
É curioso, mas a alegada redução de ICMS sobre serviços essenciais (telecomunicações, energia elétrica, transporte público, etc) gerou redução geral nas tarifas para a população usuária destes serviços? Até onde a (minha) memória alcança, NÃO. Minha suspeita, com a experiência de quem já atuou em formação de preços, é que esta redução na prática redundou em aumento de margem das empresas, pois, tradicionalmente, empresários não reduzem preços, a não ser em circunstâncias muito específicas e isoladas. A redução da alíquota do ICMS representou uma diminuição dos gastos das empresas, mas se o preço final permanece o mesmo (ou até aumenta), tem-se aí o aumento da margem (mesmo preço final com gastos menores).