O Governador do Rio de Janeiro, Sergio Cabral, não ficou imune à onda de manifestações e protestos que tomou as ruas das grandes cidades brasileiras e também as manchetes dos jornais. Ao contrário, foi muito questionado pelo seu posicionamento a respeito dos manifestantes, pelos preços das tarifas de trens, barcas e metrô que são definidas pelo governo estadual, pela precariedade dos serviços públicos que estão sob responsabilidade de sua gestão e pela maneira como a Polícia Militar, sua subordinada, reagiu às passeatas.
Por conta de todos estes fatores, a popularidade de Cabral despencou ainda mais. A imagem do Governador já não era das melhores após uma grave crise com os bombeiros e o fato de um acidente de helicóptero e fotos tiradas na Europa terem revelado sua estreita ligação com a construtora Delta, que possuía diversos contratos milionários com o governo estadual.,
Este cenário fez com que manifestantes decidissem protestar em frente ao edifício onde se situa a residência de Sérgio Cabral, no bairro do Leblon, Zona Sul do Rio. No fim das contas, os que protestavam decidiram não apenas realizar o ato, mas também acampar no local por tempo indeterminado.
Após alguns dias de indecisão, o Governador decidiu receber os líderes do “acampamento”. Acontece que o movimento não tinha líderes legítimos, algo típico de ações políticas organizadas a partir das redes sociais. No fim das contas, os “representantes” recebidos no Palácio não representavam ninguém e o “acampamento” continuou.
Foi aí que Sérgio Cabral pediu à Polícia Militar que expulsasse algo em torno de 30 manifestantes e os forçasse a “levantar o acampamento”. Mais uma vez o Governador e sua equipe mostraram que não entendem como funcionam estas novas mobilizações, afinal, era nítido que a resposta viria com maior magnitude e foi justamente o que ocorreu.
Ontem, 400 pessoas voltaram a protestar no local, quase quinze vezes mais do que o número de “acampados” retirados pela Polícia Militar. A manifestação gerou confrontos com as forças policiais e muito tumulto nas imediações, com bombas de gás lacrimogêneo, agressões, quebra-quebra e prisões.
Acontecerá mais vezes caso Cabral e seu grupo não compreendam a lógica destes protestos e concluam que reuniões com supostos representantes e repressão policial não diminuirão o tamanho da indignação da população com seu governo. Medidas concretas e sensatas para melhorar os transportes, a saúde, a educação, a segurança pública, entre outros setores, são a única solução.
Será que o Governador está disposto a, de fato, governar? A cada dia que passa são menores as chances de vitória de seu sucessor nas próximas eleições e não adianta propor um plebiscito inviável. Parece que alguém já fez isso e não deu certo.