Uma arte, feita por universoacme, representando nomes históricos da luta contra o racismo em todo o mundo foi apagada na região portuária da cidade do Rio de Janeiro e no lugar do grande painel se encontram apenas as logomarcas da Prefeitura do Rio, do Governo Federal, do Ministério da Educação (MEC) e do IMPA Tech, um curso de ensino superior financiado pelo Governo por meio do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e do MEC.
Fotos do antes e depois. Reprodução Instagram Tá na História
No painel, que ficava na Avenida Professor Pereira Reis, no bairro do Santo Cristo, estavam pintadas imagens de Martin Luther King Jr, Rosa Parks, entre outras personalidades da luta antirracista.
O perfil Tá na História, comandado por Thiago Gomide, fez uma postagem nesta sexta-feira (11/10), expondo a situação.
No post, o artista responsável pelo grafite comentou “política complicada“. O DIÁRIO DO RIO tentou contato com o autor da obra, mas ainda não teve resposta.
A reportagem também procurou a Prefeitura, o Governo Federal, o Ministério da Educação e o IMPA Tech e pediu explicações a respeito do apagamento do painel. A comunicação do MEC frisou que por se tratar do IMPA, a resposta deveria ser dada pelo Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).
O IMPA e o MCTI declararam que receberam da Prefeitura do Rio de Janeiro “o imóvel na Av. Professor Pereira Reis, 76, Santo Cristo, pronto e reformado, sem mural de grafite, para a instalação do IMPA Tech”.
A Prefeitura, através da Companhia Carioca de Parcerias e Investimentos, informou que “o prédio onde se encontrava o grafite passou por reformas para receber o Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA). Foi necessário substituir a antiga fachada de chapas de metal por alvenaria, para dar mais segurança ao imóvel. A Prefeitura ofereceu outro espaço na região portuária para os responsáveis pelo grafite recriarem a obra“.
Thais Ferreira, vereadora muito envolvida nas pautas de combate ao racismo na cidade do Rio de Janeiro, declarou que “é lamentável que um grafite na Pequena África, destacando figuras negras históricas, tenha sido apagado. Esse espaço, anteriormente ocupado por um galpão, foi integrado ao projeto do Porto Maravilha e agora abriga o IMPA Tech, um programa de graduação do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA). Considerando a importância da arte que celebra a memória negra em uma região tão significativa para a cultura afro-brasileira, é decepcionante que uma instituição de ensino não tenha optado por preservar o painel, substituindo-o por uma parede sem vida. Essa ação perpetua o apagamento da história africana no Rio de Janeiro, dentro de um projeto de branqueamento da Pequena África, promovido pelos empreendimentos do Porto Maravilha. Infelizmente, esse não é o primeiro apagamento simbólico a ocorrer na região. Onde está a cidade antirracista prometida por Eduardo Paes?”.
Lamentável, especialmente por ser em proveito de uma instituição de elite intelectual, da qual sempre esperamos mais sensibilidade. É um apagamento da paisagem cultural. O IMPA também está no centro do desmatamento de parte da mata da Florestal da Tijuca, no Rio. Se o IMPA dá este exemplo, o que esperar então?