A estiagem extrema que atinge a Guapimirim, na Região Metropolitana do Rio, tem imposto uma dura rotina a muitos moradores locais, que não conseguem lavar roupas e louças, tomar banho, passar um pano casa, entre outros afazeres simples que demandem o uso da água.
A falta de chuvas, que dura mais de 60 dias, fez com que o Rio Soberbo, conhecido por sua exuberância em cachoeiras, ficasse seco. A situação é tão dramática, que as pedras do fundo do rio estão complemente à mostra, permitindo a quem quiser passar cima delas, Água, antes abundante, é agora uma fina lâmina, aproveitada para fazer comida e lavar roupa, na medida do possível. A secura do Soberbo gerou um forte impacto no abastecimento de água da cidade.
A diarista Selma Vieira, de 56 anos, ouvida pelo jornal O Globo, classificou a situação de “calamidade”, além de revelar que, apesar da crise de abastamento do recurso, a conta da água continua a chegar e está mais cara.
“A conta de água está vindo normalmente e muito mais cara. Nós moradores estamos pegando baldes com a pouca água que sobrou aqui no rio. Lavamos roupa aqui e usamos essa água até para fazer comida. Isso é uma situação de calamidade. Estamos há mais de um mês sem água. Eu até já esqueci como é tomar banho de chuveiro. Sou nascida e criada aqui. É muito triste ver assim, seco, o rio que já foi moradia para todos os peixes e que abastece a nossa cidade,” lamentou Selma ao veículo.
Além de fazerem uso da pouca água que ainda escorre no Soberbo, os moradores de Guapimirim ainda se revezam para comprar galões de água para cozinhar e beber. O gasto extra tem pesado no bolso das pessoas no final do mês, como relatou ao jornal Wanderson Celso, de 33 anos.
“Tenho comprado galões de água para comer e beber. Quando quero lavar roupa, pego um pouco de água no rio. Todos os moradores estão fazendo isso, mas não ajuda. Por mês, estou gastando em média R$ 120 comprando água. Tenho um filho e preciso cuidar dele, sem água tudo fica mais difícil,” disse ao veículo, que tentou falar com a Fontes da Serra, concessionária responsável pelo abastecimento local, sem sucesso.
Através de uma nota técnica, a Defesa Civil de Guapimirim informou que o cenário é de emergência, dada a estiagem prolongada, com índices pluviométricos abaixo da média registrada em cinco dos últimos seis meses. Segundo O Globo, entre abril e setembro, a cidade apresentou os mais baixos índices pluviométricos aferidos em toda a série histórica para o período, fazendo do momento o pior em termos de estiagem. Assim, a falta de chuva contribui para o aumento de incêndios nas matas, redução da qualidade e da umidade relativa do ar, e queda drástica de água em rios, lagos e fontes de água da região.
Em abril, em laudo técnico produzido pela Defesa Civil mostrou que a água do Rio Soberbo estava 85% abaixo da média. No mês seguinte, a média ficou 70% abaixo; em junho, 40%; e julho, 60%.
O mês de agosto, por outro lado, apresentou um grande volume pluviométrico, o que causou alagamentos na Região Metropolitana. Na ocasião, o nível da água ficou 20% acima da média.
Em setembro, o Rio Soberbo se encontra com a capacidade 100% abaixo da média esperada.
A concessionária Fontes da Serra falhou ao não construir reservatórios para períodos de seca. Isso demonstra falta de planejamento e coloca a população em risco durante estiagens. É urgente que a empresa invista em medidas preventivas para garantir o abastecimento contínuo de água, evitando crises futuras.