Um novo capítulo na luta contra a dengue se inicia em Guaratiba, Zona Oeste do Rio de Janeiro, com o início da aplicação da primeira dose da vacina experimental contra a doença nesta sexta-feira (16/02). A iniciativa, fruto de uma parceria entre a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), o Ministério da Saúde (MS) e a Fiocruz, visa abranger um grupo de 20 mil indivíduos com idades entre 18 e 40 anos.
O programa, conduzido sob a supervisão do secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, tem como propósito de avaliar a eficácia do imunizante em adultos, fornecendo dados cruciais que podem influenciar a decisão de incluir ou não a vacina no calendário nacional de imunização. Desenvolvida a partir do vírus atenuado, a vacina estimula a resposta imunológica, promovendo a produção de anticorpos contra os três sorotipos da dengue.
“Essas pessoas serão acompanhadas por dois anos para avaliar a eficácia da vacina. Após a seleção e coleta de amostras de sangue para sorologia, a vacinação ocorre em duas etapas, com intervalo de três meses entre elas”, explicou Soranz. Durante esse período, os participantes serão monitorados para verificar a ocorrência de infecções pelo vírus. “Também estaremos atentos a quaisquer reações adversas à vacina. É importante ressaltar que se trata de uma vacina segura, aprovada pela Anvisa e testada em outros países”, acrescentou o secretário.
A escolha da região de Guaratiba para o estudo não foi aleatória. Além de ser uma das áreas mais afetadas pela dengue devido à presença do mosquito Aedes aegypti, a localidade representa uma amostra significativa da população brasileira. “Guaratiba possui características demográficas semelhantes à média nacional e uma alta incidência de dengue. Sua boa cobertura de saúde pública e estabilidade populacional tornam-na ideal para este estudo”, avaliou Soranz.
A secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde, Ethel Maciel, destacou que a faixa etária escolhida para o estudo no Rio não estava inicialmente contemplada pelas diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS), que recomendava a vacinação entre 6 e 16 anos. A ampliação da faixa etária permitirá uma coleta de dados mais abrangente e adequada à realidade da dengue no Brasil.
Entretanto, é importante ressaltar que a vacinação não é indicada para pessoas imunodeprimidas, gestantes, lactantes, pacientes com febre ou alérgicos a algum componente da vacina. Além disso, até o momento, a vacina não está autorizada para aplicação em idosos. Este estudo representa um passo importante na busca por soluções eficazes para combater a dengue e proteger a saúde pública.