Um apartamento em Copacabana, na Zona Sul do Rio de Janeiro, abriga hoje a maior coleção de Arte Naïf do mundo. São milhares de obras de artistas brasileiros e estrangeiros armazenadas em local improvisado e sem acesso do público. Essa foi a solução encontrada por Jacqueline Finkelstein, uma museóloga, para alocar temporariamente o acervo do Museu Internacional de Arte Naïf (Mian), fechado desde 2016. Jacqueline é filha de Lucien Finkelstein, um joalheiro francês que construiu a coleção durante décadas no Rio. A informação é da Agência Brasil.
Sem contar com investimentos públicos ou privados para manter o museu em funcionamento, ela decidiu vender um conjunto das melhores obras. Enquanto espera pelas ofertas, a museóloga realiza o trabalho de catalogação de cerca de três mil quadros, feitos por 300 artistas entre eles, Joaquim Leandro, Cardosinho, Miriam, Maria Auxiliadora, Silvia, Chico da Silva, Heitor dos Prazeres, Elza, Gerson, Bebete, Ozias, Mabel, Gerson e Lia Mittarakis.
Após a divulgação, Jacqueline contou que a coleção atraiu o interesse de compradores estrangeiros, mas garantiu que propostas nacionais terão prioridade. “Estou na esperança de conseguir encontrar um destino para as obras. É algo que eu gostaria muito que acontecesse para eu poder ficar tranquila com a minha consciência. Primeiro, em homenagem ao meu pai. A arte naïf era a paixão dele. Depois, porque eu acho importantíssimo divulgar e valorizar o que a gente tem de precioso nessa terra. Arte naïf é uma das expressões mais brasileiras, mais verdadeiras do nosso povo. Eu acho fundamental guardar os quadros aqui. Acho que é isso que mais me motiva a manter essa coleção até hoje e ela estar assim intacta”, declara.
O Museu:
Fundado por Lucien Finkelstein, o Museu Internacional de Arte Naïf do Brasil (Mian) foi fundado e aberto ao público em 1995. Com sede em um casarão do Século XIX localizado no Cosme Velho, na Zona Sul do Rio, a poucos metros da estação de trem do Morro do Corcovado, foi tombado como patrimônio cultural.
No ano de 2000, por meio do Fundo Nacional da Cultura, do Ministério da Cultura, o Mian recebeu aportes financeiros para auxiliar nas funcionalidades do espaço. Pouco após, foi liberado, até 2004, incentivos da Prefeitura do Rio. Entretanto, sem mais investimentos após esse período, Lucien encerrou as atividades por tempo indeterminado. Apenas grupos escolares e pesquisadores passaram a ter acesso ao acervo em atividades agendadas.
Lucien morreu em 2008 aos 76 anos de idade e a filha e museóloga, Jacqueline Finkelstein, assumiu a presidência da instituição.
De lá para cá, uma série de eventualidades, como por exemplo uma inundação que danificou cerca de 300 obras, fizeram com que o espaço permanecesse fechado para o grande público de 2007 a 2012. A partir dessa data, o Mian reabriu após ser contemplado em um edital da Secretaria de Estado de Cultura, no qual recebeu R$ 500 mil durante dois anos.
E até 2016, o museu se manteve com leis de incentivo, bilheteria, organização de eventos e arrendamento de um espaço para um café, até que no fim do mesmo ano, fechou novamente as portas, devido a falta de patrocínios e incentivos externos, por não conseguir arcar com os custos com a estrutura.
Uma pena.Era uma referência no Rio de Janeiro e tivemos o privilegio de fazer ali, com o.maior sucesso, concertos do Musica no Museu.O Museu de Arte Naif faz parte da história de Musica no Museu que completou 25 anos em 2022 e hoje é Patrimônio Cultural Imaterial do Rio de Janeiro