Habitat de tartarugas, Praia Vermelha vai virar santuário marinho

O objetivo é ordenar as atividades na água e restringir a pesca, além de fomentar a pesquisa sobre a biodiversidade local, que tem, como um dos carros chefes a presença das tartarugas

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Tartaruga verde flagrada na Praia Vermelha Foto: Caio Salles Projeto Verde Mar / Divulgação

Um decreto criado pela Secretaria municipal de Meio Ambiente (SMAC) prevê que a Praia Vermelha, na Urca, na Zona Sul do Rio se transforme em um o “Santuário Marinho da Paisagem Carioca“. A proposta, já em fase final de elaboração, tem o objetivo de ordenar ordenar as atividades na água e restringir a pesca, além de fomentar a pesquisa sobre a biodiversidade local, que tem, como um dos carros chefes a presença das tartarugas, muito comuns na região.

O projeto cumprir as medidas estabelecidas desde 2013, quando foi criado o Parque Natural Municipal (PNM) Paisagem Carioca, que compreende o morro do lado direito da Praia Vermelha. O parque foi concebido na época em que o Rio recebeu o título de patrimônio mundial da Unesco ao Rio, em 2012, por sua “paisagem cultural urbana”. Com a nova lei em vigor, as pescas passaram a ser proibidas num limite de até 50 metros de distância do costão rochoso.

Já no outro lado fica o Monumento Natural (MoNa) do Pão de Açúcar. Além do trecho de 50 metros do lado direito em que qualquer extração natural é proibida, a presença das duas unidades faz com que toda a Praia Vermelha seja uma Zona de Amortecimento, o que demandaria controle de atividades na água. Mas as regras nunca foram devidamente regulamentadas. Conforme informou o jornal O Globo.

Ideia

A intenção de preservar a vida marinha na área veio do jornalista e instrutor de mergulho Caio Salles, fundador do Projeto Verde Mar, que desde 2016, faz mergulhos na Praia Vermelha, organizando mutirões de limpeza. Foi assim que percebeu como a maioria dos detritos no fundo do mar eram compostos por petrechos de pesca, como linhas, restos de rede, anzóis, chumbo e até vela de ignição de automóveis.

A escolha do nome “Santuário Marinho” foi estratégica, para chamar a atenção da fiscalização e, do lado da educação ambiental, atrair excursões escolares. A prioridade zero, como explica Andrade, é a colocação de placas na areia e na costa. Já a ideia de como marcar os 50 metros da área no espelho d’água não está fechada. Salles diz que uma possibilidade é colocar boias no mar, mas isso precisa ser melhor estudado.

O passo seguinte é a busca de apoio e patrocínios para as pesquisas. Por isso, Salles vai lançar uma plataforma para financiamento coletivo. Sua ideia é ter quatro linhas principais de monitoramento: das espécies de peixes; da quantidade de lixo no mar; dos organismos bentônicos (que ficam no fundo do mar ou junto à costa rochosa); e das tartarugas, o que seria conduzido pelo Projeto Aruanã, que faz trabalho semelhante nas Cagarras, em parceria com o Ilhas do Rio.

Núcleo de Vida Marinha

Dentro da SMAC, o projeto do santuário vem sendo tocado pelo recém criado Núcleo de Vida Marinha, lançado em junho com objetivo de alcançar resultados propostos pela Década dos Oceanos, da Unesco e da Agenda 2030, da ODC. Gerente do núcleo, Simone Pennafirme diz que o santuário se relaciona à proposta de criar “uma cultura oceânica na sociedade sobre a importância dos ecossistemas marinhos”.

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