A ideia da Liga dos Botecos é genial: quatro ícones da botecagem num mesmo lugar. Aqui estão os tijucanos Bar da Frente, Momo e Botero (este não nasceu lá, mas já virou ponto de local) e o Cachambeer, que leva uma legião de fãs para o Cachambi. Confesso, já fui muito à cada um deles, mas nunca para todos eles ao mesmo tempo. E, olha, que farra é uma noite por ali. Recomendo chegar cedinho, com a luz caindo, lambendo a noite. Assim, dá para tomar uns chopinhos com calma, antes de mergulhar no cardápio que, aliás, é uma perdição.
Aqui estão alguns hits de cada bar, incluindo a lendária costela no bafo, do Cachambeer, o meatloaf (com queijo e bacon), do Botero, o porquinho de quimono (com um rolinho primavera, porém, recheado com costelinha suína) e os bolinho de arroz, do Momo. Eu comecei por eles, pedi logo as três versões de uma só vez (ok, éramos dois à mesa). Queijo com calabresa, três tipos de queijo, queijo e costela no bafo. Por favor, não me peça para eleger o melhor, por-que-não-é-possível. Todos trazem em si a essência da botecagem carioca, cujo êxodo do Centro e Zona Sul para a Zona Corte e suburbios deixou tudo tão mais interessante. O movimento não é recente, tem quase dez anos, e hoje há até especialistas que promovem e vendem roteiros de bar em bar (imagina o que é a volta na van…).
A Liga, enfim, evita o rolê. E o clima é uma delícia. Na unidade de Botafogo tem uma laje sensacional Ar fresco, gente bonita e descolada, em busca de diversão. No Flamengo, as mesinhas numa ampla área da calçada deixam a gente muito à vontade. Fui numa sexta à noite e o clima era nos envolvia como uma certa boemia de bairro, quase familiar.
O resultado disso é que a freguesia acaba confraternizando, tudo vira um enorme bate-papo. Aí, as rodadas das calderetas com belo colarinho, sejam Brahma, Colorado ou Patagônia, rolam soltas, além dos belisquetes que parecem não ter fim. A Liga dos Botecos é um programaço no Rio.
Vai na minha que você vai na boa.
Serviço
Liga dos Botecos
Rua Álvaro Ramos, 170, Botafogo
Rua Senador Vergueiro, 44, Flamengo
Sexta e sábado, de meio-dia à 1 da manhã; domingo, de meio-dia às 23h30; terça à quinta, das 17h30 até 1 da manhã.
Isso não tem nada de botequim! O verdadeiro botequim é frequentado por pobres, a sua estrutura é modesta, os seus funcionários e proprietários são geralmente pessoas humildes e servem cachaça, cerveja, e vários tipos de tira-gostos. Não tem nada a ver com a sofisticação que hoje têm estes falsos botequins.
As elites já se apropriaram das escolas de samba, das músicas sertanejas ( o que se toca neste gênero hoje não tem nada de sertanejo ), já colocaram os seus tentáculos nos botequins e agora estão investindo nos jongos espalhados por todo este estado e, principalmente, no jongo da serrinha.