Herpes Labial ou Genital: Há uma cura próxima?

Cerca de 90% das pessoas carregam o vírus herpes na sua forma latente, nos gânglios neurais, e um número muito alto de pessoas no mundo inteiro sofre com crises frequentes de feridas de herpes.

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Imagem: Freepik

É informação amplamente divulgada que até 90% das pessoas carregam o vírus herpes na sua forma latente, nos gânglios neurais, e que um número muito alto de pessoas no mundo inteiro sofre com crises frequentes de feridas de herpes.

Não se sabe ainda porque apenas algumas pessoas que carregam esse vírus irão manifestar a doença, na forma de bolhas agrupadas, e outras não, mas já se sabe quais são os fatores de gatilho, considerados como deflagradores de crises, que sempre que possível devem ser evitados, como estresse, exposição ao sol, queda da imunidade (que também ocorre quando são adotados hábitos de vida não saudáveis), infecções virais e alterações hormonais.

A expectativa de quem sofre com a herpes é de que um dia exista uma cura, mas, por enquanto, trata-se apenas de esperança.

Infelizmente ainda não há nada que seja eficaz em curar o vírus e o objetivo da medicina tem sido aplicar tratamentos eficazes para reduzir a intensidade e o número de crises das pessoas afetadas pela doença.

Segundo a Dra. Alessandra Drummond, dermatologista em Ipanema, Rio de Janeiro, já existe uma vacina em andamento, que recrutou voluntários para iniciar sua fase 1 de estudos em humanos. 

“Para chegarmos à fase de testar em humanos, é porque tivemos resultados interessantes com camundongos. E de fato, os resultados foram bastante promissores”, explica a médica, que complementa: “Essa vacina anti-herpética é de terceira geração, feita com a nova tecnologia de RNA mensageiro, um tipo que ganhou maior força após o Covid-19 e quem está por trás da pesquisa é exatamente a empresa Pfizer-Biontech, que desenvolveu uma vacina para covid-19 com altíssima eficácia em apenas 10 meses.”

Em entrevista ao Diário do Rio, Drummond continua sua explicação:

“Ao que os estudos vêm mostrando, parece que essa vacina pode ser eficaz tanto para quem nunca teve lesões de herpes, quanto para quem já tem crises frequentes. Ou seja, a perspectiva é que seja algo não apenas preventivo, mas também de tratamento.”

DDR: Já podemos então, comemorar?

Dra.Alessandra Drummond: É claro que não. Após a fase 1, ainda teremos a fase 2 e a fase 3. Tem que se avaliar eficácia, efeitos colaterais, interações medicamentosas e perfil de segurança e tudo isso demanda tempo e investimento. 

As vacinas para Covid-19 surgiram de forma mais rápida porque todos os recursos financeiros estavam direcionados para isso. Mas o que posso dizer, é que estamos esperançosos.

Apesar de muito banalizado, o herpes simples pode causar além de muita alteração na qualidade de vida de quem tem crises muito recorrentes, algumas doenças mais graves, como encefalite herpética, paralisia facial (Paralisia de Bell), ceratite herpética e herpes neonatal.

Por isso, enquanto não progredimos em relação a uma potencial cura, temos que usar os recursos que temos e já conhecemos para tratar as crises e diminuir a circulação do vírus.

Na minha prática clínica vejo que a grande maioria das pessoas não trata ou trata de forma errada as crises de herpes labial e genital. O papel do dermatologista é fundamental, pois é uma especialidade que está muito mais na rotina das pessoas que infectologista. O dermatologista tem que abordar o tema, mesmo que esse não seja o assunto principal da consulta. Até porque, quando formos realizar algum procedimento próximo aos lábios, como laser, peeling e preenchimento, precisaremos dessa informação sobre histórico de herpes para fazer um tratamento preventivo. Os procedimentos feitos no local onde costumam surgir as bolhas, podem deflagrar crises e por isso, o indicado é iniciar um antiviral oral preventivo. É muito importante o tratamento com antiviral oral para todas as crises.

DDR: Por que não devemos tratar apenas com pomada? 

Dra. Alessandra Drummond: Porque estamos preocupados também em tentar reduzir crises futuras e transmissão do vírus. O que acreditamos hoje, é que os antivirais orais seriam capazes de atuar na multiplicação viral. Se a cada crise conseguirmos reduzir o número de vírus que se multiplica, teremos uma quantidade menor de vírus “dormindo” nos gânglios neurais e possivelmente, redução da frequência de crises e também crises mais brandas quando ocorrerem. Com um número menor de vírus circulando, a transmissão também se reduziria. Então, o objetivo com o tratamento oral não é curar o herpes, mas reduzir a carga de vírus circulante.

Os antivirais de uso podem ser: aciclovir, valaciclovir ou fanciclovir e a dose deve ser discutida com o médico. O aciclovir tem a vantagem de ter um custo baixo, porém o valaciclovir e o fanciclovir parecem ser mais eficazes e têm uma forma de tomar mais fácil, com menos chance de erros.

A pomada antiviral pode até ser associada e ela encurta a duração da crise, mas não terá qualquer efeito na redução da multiplicação viral.

Para pessoas que apresentam mais do que 6 crises ao ano, é prudente considerar um tratamento preventivo. Esse tratamento é feito com doses baixas de antivirais, diariamente, associados a suplementação de um aminoácido, chamado Lisina.

Em relação a suplementação de Lisina, é mais uma teoria do herpes, que correlaciona piora do número e intensidade de crises em pessoas com um balanço nutricional positivo em ARGININA. É uma melhora em pessoas com balanço nutricional positivo em LISINA. Ambos são aminoácidos presentes na alimentação. 

A ideia é escolher alimentos ricos em lisina e evitar alimentos ricos em arginina. Para aumentar mais ainda a quantidade de lisina, ela pode ser tomada na forma de comprimidos, numa dose que varia de 500 a 3000 mg ao dia. Entre os alimentos que devem ser evitados, por serem ricos em arginina, temos: chocolate e castanhas.

Porém, infelizmente alguns pacientes apesar de realizarem o tratamento correto das crises, tentarem tratamento de manutenção, suplementarem lisina e alterarem a dieta, as crises continuam muito frequentes. Consideramos que parte das pessoas deva ser resistente aos antivirais e aqui entra um desafio muito grande para os médicos.

Uma das opções é tentar imunoterapia, com alergista. A imunoterapia apesar de ser chamada de vacina, na verdade não é uma vacina. Ela vai estimular o sistema imunológico a reagir contra aquele vírus.

O Dr André Aguiar, Alergista no Rio de Janeiro e chefe do serviço de Alergia da Policlínica de Botafogo explica como funciona:

“Damos para o paciente imunoestimulantes, geralmente a Candidina e P Parvum, com o objetivo de estimular o sistema imunológico do paciente e diminuir o número de crises. Em geral, indicamos para aqueles pacientes que já tentaram de tudo, explicando que o resultado é demorado e não é garantido. 

Recentemente um trabalho demonstrou bons resultados com uma medicação chamada valpromida, um derivado do ácido valpróico, que trata crises de convulsão e enxaqueca, porém com menos efeitos colaterais que esse último.

O que quero deixar de mensagem aqui, é que não podemos banalizar o herpes vírus. As pesquisas estão em andamento, espero que eu possa voltar com mais novidades em breve, mas enquanto isso, podemos ir fazendo o básico: tratar corretamente as crises.”

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1 COMENTÁRIO

  1. Precisamos da cura esse vírus era pra ser priorizado assim como HIV que já tem estudos de cura bem promissores , vírus antigo e perigoso e só dão Ibope a HIV tem que procurar a cura porque não e só recorrência de ferimentos tem muitas pessoas que já morreu de outras doenças causada pelo vírus exigimos a cura já ….

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