“Um povo que não conhece sua História está fadado a repeti-la.”
A ROSA DE HIROSHIMA
Rio de Janeiro, 1954
Vinícius de Moraes
Pensem nas crianças
Mudas, telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas, oh, não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A anti-rosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa, sem nada
No dia 6 de agosto de 1945, o mundo testemunhou um dos eventos mais devastadores e marcantes da história: o lançamento da bomba atômica sobre Hiroshima. Este ano, completam-se 79 anos desde essa tragédia, que não apenas mudou o curso da Segunda Guerra Mundial, mas também transformou profundamente a forma como a humanidade vê o uso de armas de destruição em massa.
Em 1945, a Segunda Guerra Mundial já se arrastava por seis anos, com milhões de vidas perdidas e incontáveis cidades devastadas. O Japão, que havia se aliado às potências do Eixo, enfrentava crescente pressão das Forças Aliadas, que buscavam uma forma de forçar a rendição do país e, assim, encerrar a guerra.
Às 8 h 15 min 47 s da manhã do dia 6 de agosto, um bombardeiro B-29 dos Estados Unidos, chamado Enola Gay, lançou a bomba “Little Boy” sobre Hiroshima. A bomba explodiu a cerca de 600 metros acima da cidade, liberando uma energia equivalente a 15 mil toneladas de TNT. Em segundos, Hiroshima foi praticamente dizimada. Estima-se que 140 mil pessoas morreram até o final de 1945, muitas delas instantaneamente. Outras sucumbiram nos meses seguintes devido aos efeitos da radiação, queimaduras e ferimentos.
A destruição em Hiroshima foi de uma escala inimaginável. A explosão causou um calor intenso, ventos fortes e uma radiação letal. Prédios, casas e infraestruturas foram transformados em escombros, e uma bola de fogo gigantesca se formou no céu, gerando o característico cogumelo atômico.
Os sobreviventes, conhecidos como hibakusha, enfrentaram uma nova realidade marcada pela dor física e emocional. Muitos desenvolveram doenças graves como câncer e leucemia devido à exposição à radiação. Além disso, o trauma psicológico deixou marcas profundas que persistem até hoje.
O bombardeio de Hiroshima, seguido pelo lançamento de outra bomba atômica sobre Nagasaki três dias depois, em 9 de agosto de 1945, levou à rendição incondicional do Japão em 15 de agosto, encerrando a Segunda Guerra Mundial. No entanto, o uso dessas armas inaugurou uma nova era na história da humanidade: a Era Atômica.
A devastação provocada pelas bombas levou a uma reflexão global sobre os perigos da guerra nuclear. Nos anos subsequentes, a corrida armamentista entre as superpotências do mundo culminou na Guerra Fria, com a ameaça constante de uma destruição mútua assegurada. Ao mesmo tempo, movimentos pacifistas e desarmamentistas ganharam força, exigindo o fim das armas nucleares.
A cada ano, no dia 6 de agosto, o mundo se lembra de Hiroshima em uma cerimônia que reúne sobreviventes, líderes políticos, e cidadãos de todo o mundo. O Memorial da Paz de Hiroshima, construído no epicentro da explosão, serve como um lembrete silencioso e poderoso da destruição causada pela guerra e da necessidade de buscar a paz.
Completando 79 anos, o bombardeio de Hiroshima continua a ser um símbolo do horror da guerra e do potencial destrutivo da tecnologia quando usada para a violência. Enquanto as nações do mundo trabalham em prol da paz e do desarmamento, a memória de Hiroshima permanece como um alerta: NUNCA ESQUECER, NUNCA REPETIR !