No alto do Convento de Santo Antônio, no Centro do Rio, existe uma luz. Essa luz, que pode ser vista de alguns pontos do Largo da Carioca e muitas vezes não é notada em meio à iluminação central da cidade, é farol para uma memória com cara de lenda, mas com algum respaldo histórico.
De acordo com o lendário relato, enquanto a luz esteve acesa, a cidade do Rio de Janeiro se viu protegida de invasões.
Em 1710, o então governador do Rio de Janeiro, Francisco de Castro Morais, concedeu à Santo Antônio o título de Capitão de Infantaria. A imagem do santo, no alto do Convento, tem iluminação quase permanente há mais de 300 anos. Antigamente, a luz se dava por velas ou lampião de óleo de baleia. Mais recentemente, por uma lâmpada.
A iluminação tem sido mantida sinalizando que um guardião da cidade está permanentemente atento para protegê-la, desde o ano de 1710, quando ocorreu uma tentativa de invasão por franceses, comandada pelo capitão francês Jean-François Duclerc, e o Rio de Janeiro resistiu.
“Para comemorar a memória da vitória sobre os franceses e da proteção de Santo Antônio, a imagem do Santo taumaturgo foi colocada no frontispício da Igreja do Convento, e por estar exposta, o povo, sempre propenso a alcunhar as coisas, chamou-a de Santo Antônio do Relento. Durante os meses seguintes, o governador, os soldados e os moradores do Rio de Janeiro promoveram festejos como mostras de sua alegria ‘em ação de graças a Deus’ por retumbante sucesso, recebendo do monarca português, através de carta régia de 10 de Março de 1716, elogios e mostras de gratidão pelo valor com que defenderam aquela conquista dos seus inimigos”, escreveu o pesquisador Gerson Brazil, em História das ruas do Rio.
No entanto, em 1711, o Rio de Janeiro sucumbiu após outra invasão francesa. O corsário Duguay Troin conseguiu tomar a cidade, causou muitas mortes, caos, prejuízos e, ainda, impôs que os próprios habitantes do Rio de Janeiro pagassem o resgate do “sequestro”. Contamos essa história aqui no DIÁRIO DO RIO.
Alguns relatos da época dão conta de que moradores do Rio garantem que o estrago seria maior se a imagem não estivesse iluminada. Outros dizem que não havia luz no santo protetor durante o ataque francês. Séculos depois, a imagem continua lá, no mesmo local.