Localizada no interior da Baía de Guanabara, a Ilha de Sapucaia, entre 1865 e a década de 1940, era usada como vazadouro de lixo pelos moradores do Rio de Janeiro.
“Desde o século XVII era relatado o uso de espaços alagadiços para despejo de material fecal, cadáveres, restos de comida e outros produtos provenientes do corpo social e dos animais residentes na socionatureza carioca. A transferência do lixo para a Sapucaia fazia parte de medidas tomadas pelos administradores da cidade (Estado, médicos, engenheiros) para deixar o Rio de Janeiro mais limpo, belo, organizado e também como parte dos esforços de sanitização de espaços e impedir a proliferação dos depósitos de lixo nos rios, praias, pântanos, ruas, ou seja, espaços mais próximos ao centro urbano mais povoado“, informa um trecho do texto da dissertação A NATUREZA DO SERVIÇO: O LIXO COMO QUESTÃO DE “HYGIENE” URBANA NO RIO DE JANEIRO (1865-1940), de Letícia Andrade.
Como já mostramos aqui no DIÁRIO DO RIO em outra matéria nesta coluna de história, a Sapucaia foi uma das ilhas que desapareceram na Baía de Guanabara. Ela fazia parte da chamada e extinta micro-baía de Inhaúma.
O portal Rio Memórias fala sobre as mudanças que levaram ao fim da Baía de Inhaúma: “A Planta da Cidade do Rio de Janeiro, elaborada pela Diretoria Geral de Obras e Viação da Prefeitura, em 1913, mostra o litoral norte da cidade. É possível identificar as ilhas dos Ferreiros, da Sapucaia, dos Pinheiros, de Bom Jesus e do Fundão. Bem antes disso, essas ilhas eram margeadas por águas limpas, mangues e florestas que compunham a micro-baía de Inhaúma – também chamada de Saco de Inhaúma – e que foi desconfigurada, após sucessivos aterros”.
A Ilha de Sapucaia deixou de existir por um momento histórico: ela foi ligada a outras para formar a a Ilha do Fundão, onde fica a Cidade Universitária.
“A Ilha de Sapucaia integrava um arquipélago que foi interligado por meio de aterros entre 1949 e 1952 com o objetivo de formar uma única ilha para abrigar a Cidade Universitária, da então Universidade do Brasil. Além da Sapucaia, desapareceram diversas outras ilhas, como a Ilha do Pinheiro, a Ilha do Catalão, a Ilha das Cabras, a Ilha do Baiacu e a Ilha do Fundão, que acabou por dar nome à grande ilha resultante do aterro. Hoje abriga não apenas a . Além de unidades da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, funcionam no Fundão outras instituições, como o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello – CENPES, da Petrobras, o Centro de Pesquisa de Energia Elétrica – CEPEL, da Eletrobrás, e o Centro de Tecnologia Mineral – CETEM“, detalha um texto do Arquivo Nacional.
A Ilha que por décadas foi depósito de lixo, hoje em dia tem uma realidade bastante diferente.
Cidade Universitária
Sobre a Cidade Universitária, a atual Ilha do Fundão foi criada a partir da aplicação de aterro a um arquipélago de oito ilhas durante a construção do campus entre 1949 e 1952.
Vista aérea da Cidade Universitária do Rio de Janeiro, 1968. Arquivo Nacional
As ilhas, que ficavam na micro-baía de Inhaúma, eram Ilha do Bom Jesus da Coluna, Ilha do Fundão e Ilha da Sapucaia. Além de ilhas menores, como a do Catalão, Ilhas do Baiacu e das Cabras, Ilhas do Pindaí do Ferreira e o Pindaí do França, situadas entre as do Fundão e do Bom Jesus da Coluna.