Da Zona Portuária do Rio de Janeiro se vê a Ilha Fiscal. O pequeno castelo se destaca na paisagem. O local pode ser visitado e é repleto de histórias. Algumas delas, vamos contar agora aqui no DIÁRIO DO RIO.
Por motivos que não precisam ser explicados, a Ilha Fiscal era conhecida como Ilha dos Ratos. No século XIX, quando o Rio ainda era a Capital do Brasil, o conselheiro do Ministério da Fazenda, José Antonio Saraiva, solicitou a construção de um posto da alfândega para aumentar o controle sobre as mercadorias que chegavam ao Brasil por meio do Porto.
A então Ilha dos Ratos foi escolhida por conta de sua localização na Baía de Guanabara e bem próximo ao centro da cidade.
No ano 1881 foi colocada a primeira pedra dando início à sua construção. Após uma série de aterros que aumentaram a área de 4 400 m² para 7 000 m², foi iniciada a obra do castelo.
Dom Pedro II foi quem decidiu pela construção de um posto alfandegário que tinha como objetivo não conflitar com a paisagem natural da ilha. A ideia foi fazer um de um pequeno castelo, em estilo gótico-provençal, com projeto elaborado por Adolpho José Del Vecchio, baseado nas ideias do arquiteto francês Viollet-le-Duc.
“O projeto foi premiado na exposição da Academia Imperial de Belas Artes, graças à capacidade de se fazer vista de qualquer ponto onde os navios eram mastreados e, ainda assim, não interferiu de maneira brusca na bela paisagem natural da baía de Guanabara“, detalha a página Rede Rio Hotéis.
No dia 27 de abril de 1889 foi inaugurado o castelo da Ilha Fiscal. Neste mesmo ano aconteceu a Proclamação da República. Em novembro, na mesma ilha, foi realizado o último baile do império.
O então imperador Dom Pedro II esteve presente na cerimônia. Posteriormente, a obra, idealizada quando o Brasil ainda um império, casou muito incômodo nos republicanos.
“O baile aconteceu no dia 9 de novembro, com a presença de toda a alta sociedade do Império e, apesar de ser dedicado oficialmente aos oficiais chilenos, a verdadeira intenção dos nobres da época era mostrar uma estabilidade da coroa, o que não aconteceu, já que o Brasil foi proclamado uma República Independente de Portugal apenas seis dias depois“, destaca um texto do jornal A Tribuna.
Durante a Revolta da Armada, no ano de 1893, a Ilha Fiscal ficou em meio a um duelo de artilharia travado entre as Fortalezas leais ao governo e os navios e fortalezas da Ilha das Cobras e da Ilha de Villegagnon, que estavam em posse dos revoltosos. Durante os meses de confrontos, o castelo acabou sendo atingido por tiros e bombas. O Ministério da Marinha acabou assumindo a restauração e gestão da Ilha. A alfândega passou a funcionar em um edifício cedido pela Marinha.
A partir de 1913, a Marinha passou a utilizar o castelo da Ilha Fiscal como um prédio administrativo. Durante o governo de Getúlio Vargas, em 1930, a Ilha Fiscal foi ligada à das Cobras por meio de um molhe de concreto transformando-as em, geograficamente, em uma só ilha.
No início dos anos 1980, já no fim da ditadura militar, a Direção de Hidrografia e Navegação (DHN) foi transferida para a ponta da Armação, em Niterói, região metropolitana do Rio de Janeiro. A última organização militar que permaneceu na Ilha Fiscal foi o Grupamento de Navios Hidroceanográficos, até 1998.
O edifício da Ilha Fiscal foi tombado pela Prefeitura do Rio de Janeiro em 1990. A área vem passando por diversos trabalhos de restauração desde 2001, coordenados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Em uma dessas reformas foram restauradas as pinturas do teto, das paredes e do mosaico do piso de parque do torreão.
Um projeto de iluminação da Ilha Fiscal foi iniciado em 2006. A iniciativa da Marinha do Brasil possibilita que de diversos locais da Cidade Maravilhosa possa se ver a bela vista da Ilha e da construção de Del Vecchio.