Reaberta no dia 11 de dezembro de 2014, a Sala Cecília Meireles guarda muitas histórias. O espaço (bastante elogiado após a reforma) foi inaugurado em primeiro de dezembro de 1965, no ano comemorativo do IV Centenário da Cidade do Rio de Janeiro e um ano após a morte da poetisa, pintora, professora e jornalista que nomeia o prédio – e era muito amiga do então governador Carlos Lacerda.
O espaço foi gerado para promover a música de concerto na cidade, que era um gênero que apesar de ser disseminado na época, migrava de local em local e não tinha uma sede fixa permanente e apropriada.
O prédio onde hoje é a Sala Cecília Meireles foi construído em 1896 e nele foi instalado o Hotel Freitas. Como o público da hospedaria ficou economicamente mais abastardo, o nome passou a ser Grande Hotel. O tempo passou e em 1939, o hotel esteve ameaçado de demolição. No ano seguinte, após uma breve reforma, a construção foi adaptada para um cineteatro, o Cine Colonial.
Em 1961, o Cine Colonial (que a partir de 1941 passou a ser só cinema, deixando o teatro de lado) foi fechado. Três anos depois, em 1964, Andrade Muricy, que escrevia no Jornal do Commercio, criticou o fato de a cidade do Rio de Janeiro ter poucos espaços para a música clássica. Carlos Lacerda, governador do então Estado da Guanabara e ex-aluno de violino, entendeu o recado, desapropriou o espaço do antigo cinema e começou os trabalhos para que a música erudita tivesse uma casa no Rio.
Logo de cara um grande evento abriu as portas da Sala Cecília Meireles. O concerto de inauguração teve a participação de Maria Fernanda, filha de Cecília Meireles, que declamou textos da poetisa ao lado de Paulo Padilha, acompanhada pelo violão de Jodacil Damasceno.
Desde sua inauguração, a Sala Cecília Meireles não parou de receber grandes nomes da música clássica nacional e internacional. Sob o comando de diretores consagrados no meio musical, como Henrique Morelenbaum, José Mauro Gonçalves, José Renato, Isaac Karabtchebsky e outros, o espaço sempre foi referência na América do Sul nesse estilo de se fazer arte.
“Através de seus concertos acessíveis e de projetos que chamam as pessoas para conhecer a música clássica, como um que existia com crianças da rede pública de ensino, a Cecília Meireles dá muito ao povo brasileiro. Nada contra o que é popular e toca nas rádios, mas acredito que todos merecem, ao menos, conhecer novidades, até para julgar se gosta ou não” diz o violinista Marcos Souza.
Após as obras, que começaram em 2011, a Sala Cecília Meireles voltou com novidades. Como, por exemplo, a acessibilidade em seus três andares, o café da sala no primeiro andar e, na parte arquitetônica, a abertura dos grandes vãos interiores.
Um espaço que simboliza tanto para o passado e contribui para o futuro da Cidade Maravilhosa deve sempre ser bem cuidado para impressionar, por dentro e por fora, como vem fazendo nos últimos tempos.