Há um lugar no bairro do Flamengo que ao mesmo tempo em que expõem beleza, esconde uma assustadora história. O “Castelinho”, como é conhecido o hoje centro cultural Oduvaldo Viana Filho é mais uma construção carioca que tem muita história para contar.
Nesta quarta-feira, 04/03, inclusive, a equipe do DIÁRIO DO RIO, fará uma visita ao local.
O prédio foi projetado pelo arquiteto italiano Gino Copede, em 1916. A obra foi finalizada dois anos mais tarde. Nesse período, o comendador Joaquim da Silva Cardoso – um dos fundadores e presidente do atual SINDUSCON-RIO, Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Rio de Janeiro – e sua esposa Carolina moravam no Castelinho.
Sem negar as origens, o arquiteto desenhou uma construção eclética, inspirada nas tendências italianas da época. A ideia foi bem recebida no Rio de Janeiro e se espalhou pela cidade.
Anos depois, o atraente prédio se tornou a moradia de Avelino Fernandes, sua esposa Dona Rosalina Feu Fernandes e a sua filha Maria de Lourdes Feu Fernandes. Aí começa o mistério, o terror ou a lenda. Relatos indicam que o casal Fernandes morreu em 1932, atropelados em frente ao Castelinho. Maria de Lourdes, a filha da família, passou a ser criada por um tutor que a roubou e maltratou, deixando-a presa na torre principal da construção. Dizem que quando Maria morreu, ela “voltou” para assombrar o lugar, em busca de vingança.
Não são poucos os que dizem que o Castelinho do Flamengo é mal-assombrado até hoje em dia. Com a morte dos donos, a posse do prédio ficou amarrada a um tramite jurídico. Por conta disso, o local passou a ser constantemente ocupado por moradores de rua.
Entretanto, muitas dessas pessoas não conseguiam ficar por lá, alegando ver ou ouvir coisas estranhas. Alguns deles até sentiam toques em seus corpos durante a noite. Em 2010, o Castelinho do Flamengo chegou a ser tema do quadro “Detetive Virtual” do Fantástico, da TV Globo.
Durante o tempo em que o Castelinho do Flamengo ficou abandonado, houve uma tentativa de um grupo de universitários de transformar o local em um centro de ciências e tecnologia.
Em 1983, o escritor Pedro Nava (então Presidente do Conselho Municipal de Proteção ao Patrimônio Cultural), junto com o ex-Prefeito Julio Coutinho promoveram o tombamento do imóvel. Contudo, as ocupações irregulares continuaram até o último ano da década de 1980.
Foi decido que no Castelinho do Flamengo passaria a funcionar um centro cultural. Para isso, quase todo o interior do prédio foi reformado. As obras de restauração ficaram a cargo do escritório paranaense Aresta Arquitetura e Restauro e custaram U$ 1,200.000 – um milhão e duzentos mil dólares.
Em 1992 foi inaugurado o Centro Cultural Oduvaldo Viana Filho. O espaço conta com uma videoteca que dispõe de mais de 1.500 títulos em acervo e de quatorze cabines individuais para vídeo.
No segundo andar está o auditório Lumiére, com capacidade para quarenta lugares e mais duas salas para cursos e workshops, além de uma sala para exposições. Na assustadora torre (quarto andar), há o espaço livre e uma sala de leitura de textos.
“Essas lendas urbanas são interessantes, mas ninguém prova nada. Na verdade, eu não acho o Castelinho assustador. Muito pelo contrário. O único assombro que ele causa é o contraste com os outros prédios da região” afirma o historiador Maurício Santos.
Atualmente, segue funcionando no Castelinho o centro cultural, com diversas atividades.