Nesta sexta-feira (28), a Frente Parlamentar em Defesa do Bairro do Caju vai promover seu primeiro Debate Público, às 14h, no Salão Nobre da Câmara Municipal. O evento, que será ministrado pelo presidente da Frente, o vereador Pablo Mello, tem o objetivo de facilitar o acesso da população aos líderes da Casa.
Na ação, os moradores e comerciantes do Caju serão acolhidos e poderão levar suas denúncias e sugestões para tratar diretamente com os integrantes da Frente Parlamentar, participando ativamente das próximas decisões, projetos e políticas públicas para o local.
Atualizações sobre a criação do Polo Gastronômico do Caju
Além de ser líder da Frente Parlamentar em Defesa do Bairro do Caju, o Vereador Pablo Mello é responsável pelo Projeto de Lei que determina a criação do Polo Gastronômico da região. Portanto, o encontro também deve tratar as últimas ações da Subprefeitura, que causaram interferência nas obras e nas atividades dos comerciantes locais.
“Presenciei uma triste ação da guarda municipal contra os comerciantes do Caju e vamos nos reunir nesta sexta para entendermos como eles estão após o ocorrido. Além disso, receberemos líderes da comunidade local, para entendermos como podemos contribuir para que os moradores do Caju tenham seu comércio regularizado e uma qualidade de vida melhor“, explicou o vereador Pablo Mello.
Revitalização do Caju
Localizado na Zona Portuária da cidade do Rio de Janeiro, o Caju é reconhecido pela população por abrigar áreas militares, o cemitério São Francisco Xavier, o Hospital de Ortopedia e diversos estaleiros. Apesar do bairro ter se criado em torno da atividade pesqueira, hoje há poucos moradores que se utilizam deste trabalho como sua principal fonte de renda.
De bairro nobre ao esquecimento dos órgãos públicos
Considerado um endereço nobre a partir de meados de 1800, o bairro do Caju também abrigou a realeza, mais especificamente a casa de banho de Dom João VI, que se tornou o Museu da Limpeza Urbana, atualmente fechado.
Ao longo dos anos, o Caju foi praticamente esquecido pelos órgãos públicos, dando margens para o aumento da violência e para a falta de saneamento, que desvalorizam a região. Contudo, em 2023, a Prefeitura deu início à revitalização do Píer do Caju, gerando uma nova esperança nos moradores locais. Porém, o projeto não foi concluído.
Ao assumir seu mandato, o vereador Pablo Mello, passou a apresentar uma série de projetos e indicações para melhor atender a região. Por ter trabalhado no setor de saúde pública do bairro durante 10 anos, o Vereador é conhecido dos moradores, que apostam em seu trabalho. Com isso, Pablo Mello reúne uma série de projetos que visam a regularização dos comerciantes dos quiosques, restauração de espaços públicos e melhorias na limpeza urbana e novas opções de transporte.
Breve história do Bairro do Caju que já foi o bairro da Corte Real Portuguesa
Localizado em uma das áreas mais antigas da cidade do Rio de Janeiro, o bairro do Caju possui um passado de riquezas naturais e materiais.
Antes da chegada da Família Real ao Brasil, a região onde hoje fica o bairro do Caju era habitada pelo rico comerciante José Gouveia Freire, também de origem portuguesa.
Com a chegada da Família Real Portuguesa ao Rio de Janeiro, a área onde hoje fica o Caju, que antes era extremamente rural e com muitas riquezas naturais, passou por um processo de urbanização. Boa parte dos 18 mil portugueses (a maioria deles nobres) que chegaram com a Corte ao Brasil se abrigaram no atual bairro.
O próprio João VI passou a se um assíduo frequentador do que viria a ser o bairro do Caju. Era lá que ficava sua casa de banho, onde hoje é o Museu da Comlurb.
Dom João, inclusive, foi um dos precursores do banho de mar na cidade do Rio de Janeiro. A prática não era muito comum na época. No caso de João VI, o motivo foi de saúde. Um médico recomendou a água salgada da praia do Caju para ajudar na cicatrização de feridas que o nobre português tinha em algumas partes do corpo.
“Dom João criou moda. A região tornou-se a primeira área de banho de mar do Rio de Janeiro. Toda a Família Real, ao longos dos anos, passou a se banhar na extinta Praia do Caju”, destaca o pesquisador Luciano Vieira.
Antes desta verdadeira invasão Real, a área onde hoje fica o bairro do Caju era de muitas belezas naturais.
“Era uma região belíssima, de praias com areias branquinhas e água cristalina, onde não era rara a visão do fundo da Baía, tendo como habitantes comuns os camarões, cavalos-marinhos, sardinhas, e até mesmo baleias”, escreveu o cronista C. J. Dunlop.
A Praia do Caju passava por toda a extensão da Rua Monsenhor Manuel Gomes – “rua dos cemitérios”, terminando na rua homônima.
Um pouco à frente da Ponta do Caju (atual Rua Monsenhor Manuel Gomes), em 1839, o provedor da Santa Casa de Misericórdia, José Clemente Pereira, em uma terra adquirida de José Goularte, construiu o primeiro Cemitério do Rio de Janeiro para indigentes do Rio de Janeiro, que até então enterrados no cemitério velho da Rua Santa Luzia. Com o tempo, este cemitério foi se tornando um complexo de cemitérios.
A prática do vôlei nas areias das praias brasileiras começou por volta dos anos de 1910 na Praia do Caju. O esporte era praticado por jovens remadores do Club Atlhético Cajuense e por militares do Exército Brasileiro.
Com o passar dos anos e as mudanças na região central da cidade do Rio de Janeiro, muitas praias foram extintas, entre elas, a do Caju. Contudo, a história segue acontecendo.