Histórico palacete do Barão do Rio Negro, na Glória, é invadido por moradores de rua

O imóvel é tombado pelo Instituto do Património Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e atualmente pertence à União

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Palacete do Barão do Rio Negro / Reprodução: A Casa Senhorial

O palacete do Barão do Rio Negro, localizado na Rua Santo Amaro, nº 28, na Glória, foi invadido e tomado por moradores de rua e populares, inclusive com crianças, na noite desta terça-feira (23), segundo denúncia feita à redação do DIÁRIO DO RIO. O interior da edificação, ainda segundo as informações apuradas pelo jornal está tomado por barracas. O imóvel fica nas proximidades de outro patrimônio histórico da cidade, o palacete São Cornélio, de propriedade da Santa Casa. As duas edificações são tombadas pelo Instituto do Património Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Hoje um imóvel pertencente à União, a desocupação da unidade seria de responsabilidade da Polícia Federal (PF), segundo especialistas. A situação é perigosa, pois a invasão de um prédio pode facilmente levar à invasão do outro, pondo em risco a integridade dos dois bens tombados.

Invasao do predio do Barao do Rio Negro Histórico palacete do Barão do Rio Negro, na Glória, é invadido por moradores de rua
Invasão do prédio do Barão do Rio Negro

O primeiro registro do palacete do Barão do Rio Negro data do século XIX, com a edificação primitiva localizada na antiga Chácara da Rua do Catete, de propriedade de Amaro Velho da Silva (1780-1843), o Visconde de Macaé. Por não possuir herdeiros, Velho da Silva deixou a chácara para o seu sobrinho José Maria Velho (1795-1860), que em meados de 1846 vendeu grande parte da propriedade.

A edificação teve o seu primeiro registro no mapa desenhado pelo engenheiro F. Carneiro de Campos, em 1858. Informações sobre o palacete só apareceriam tempos depois, com o leilão de venda do então proprietário, Francisco Joaquim Corrêa de Brito; e em 1860, com o prédio sendo relacionado a outras construções, como o Hospital da Beneficência Portuguesa.

Em 1864, após passar por outros proprietários, o palacete foi comprado por Dona Francisca Bernardina de Souza Carvalho, a primeira Baronesa do Amparo que, ao falecer em 1875, deixou a edificação de herança para o seu filho Manuel Emílio Gomes de Carvalho, o Barão do Rio Negro. Após a morte de Manuel Emílio, em 1898, sua viúva, a Baronesa do Rio Negro, vendeu algumas das suas propriedades, entre elas o palacete, que naquele momento levava a numeração 12, na Rua Santo Amaro. Em 1905, a propriedade foi comprada pelo empresário italiano do entretenimento, Paschoal Segreto, que ali instalou a sede do badalado High Life Club três anos depois.

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Para dar mais espaço ao High Life, o empresário italiano contratou, em 1912, o construtor José Gonçalves Rittes para erguer mais um pavimento, além de adaptar os demais. O clube era voltado para alta sociedade e funcionou como teatro e restaurante. No local também eram realizados baile de fantasias e de carnaval. O último evento deste tipo aconteceu em 1958, quando o High Life Club passou a ser alugado ao Serviço Social Rural. Quatro anos depois, a Superintendência da Reforma Agrária (SUPRA) se instalou na casa. Em 1970, a SUPRA foi desmembrada no Instituto Nacional de Desenvolvimento Agrário e no Instituto Brasileiro de Reforma Agrária. Este, que foi renomeado Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), comprou o prédio por 850 milhões de cruzeiros antigos.

Em 1980, a edificação foi desocupada por conta do seu péssimo estado de conservação. As atividades no local só foram retomadas anos depois. Devido à sua importância histórica, o prédio foi tombado pelo decreto municipal 6.514, em de 16 de março de 1987. Trinta anos depois, foi elaborado um projeto de restauro e recuperação estrutural do palacete para que o INCRA pudesse funcionar, mas as intervenções não foram adiante, com a edificação, ainda em propriedade da entidade, ficando fechada.

Atualização:

Os moradores da localidade procuraram o DIÁRIO DO RIO e disseram q a informação não procede. O que ocorreu foi uma cessão do espaço como abrigo para turistas de outras localidades do país, devido a um evento que acontecerá na Lapa, no Centro do Rio. E isso ocorreu devido a problemas com as instalações onde os turistas originalmente ficariam. O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), responsável pela administração da edificação, até agora não se pronunciou. A reportagem segue aberta para uma nota.

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4 COMENTÁRIOS

  1. Meu pai morou nessa rua por muitos anos. Tem muitos imóveis históricos e que viraram cortiços.
    Nem me lembrava dele. Desperdício ser invadido. Infelizmente não vão cuidar.

  2. Em tempos de crise econômica, limitação de gastos públicos por meio do famigerado “teto de gastos” e da nefasta política de direcionar mais da metade do orçamento público a pouquíssimos entes privados já podres de ricos (banqueiros e outros bichos escrotos similares), sobra dinheiro para investir na manutenção e preservação de prédios históricos? Vendê-los a preço de banana despencada, prática comum de vários governos de direita, para especuladores gananciosos que só querem botar tudo abaixo e colocar no lugar esses horrorosos caixotes de concreto e vidro vendidos a preços extorsivos, é a solução?

    Se nós pararmos de colocar mais dinheiro público no bolso de capitalista bilionário e usarmos esse dinheiro com o público e no patrimônio público, muita coisa melhora e se resolve. Mas tem gente que insiste que o mundo é dos espertos, particularmente os espertos de pele clara e bem nascidos: esses podem ficar com tudo, e o resto que morra à mingua.

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