Disputas de poder, alternância de comando e muito glamour marcam a história de um dos locais mais emblemáticos da memória da Cidade Maravilhosa. A Ilha Fiscal é muito mais que um bonito lugar.
O Rio de Janeiro era capital do Brasil e precisava de um posto alfandegário para o controle das mercadorias importadas e exportadas pelo porto. Então, no século XIX, o Conselheiro José Antônio Saraiva, do Ministério da Fazenda, solicitou a construção de uma estrutura concreta naquela ilha, de posição estrategicamente ideal. A Ilha Fiscal.
Iniciaram-se os trabalhos. O projeto de autoria de Adolpho José Del Vecchio seguia os padrões do estilo gótico-provençal, inspirado nas concepções do arquiteto francês Violet-le-Duc.
No ano 1881 foi colocada a primeira pedra dando início à sua construção. Após uma série de aterros que aumentaram a área de 4 400 m² para 7 000 m², foi iniciada a obra do castelo.
Oito anos após o início da construção, o prédio foi inaugurado. O Imperador Dom Pedro II esteve presente na cerimônia. Posteriormente, a obra, idealizada quando o Brasil ainda um imperial, casou muito incômodo nos republicanos.
Em 1890, já depois da proclamação da república, as obras pavimentação em paralelepípedos seguiam com toda a intensidade possível. No leste da Ilha foi construído outro edifício no estilo do principal a fim de abrigar as máquinas elétricas e os serviços auxiliares. Dois anos depois, as obras estavam totalmente encerradas.
No ano seguinte, em 6 de setembro de 1893, a Revolta da Armada estourou no Rio de Janeiro. Uma parte da esquadra do Brasil, comandada pelo Almirante Custódio de Mello, rebelou-se contra o governo do Marechal Floriano Peixoto.
Durante mais de seis meses, a Ilha Fiscal ficou nesse fogo cruzado travado entre as Fortalezas leais ao governo e os navios e homens da Ilha das Cobras e da Ilha de Villegagnon na posse dos revoltosos. A estrutura física da Ilha Fiscal sofreu muitos danos durante esses embates.
Então, Miguel R. Galvão, engenheiro do Ministério da Fazenda, sugeriu que o governo passasse a administração da Ilha Fiscal para a Marinha do Brasil. A negociação só foi firmada em 1913.
A partir do ano seguinte, 1914, a Marinha fez (em períodos diferentes) funcionar na área, a Repartição de Faróis, a Repartição Hidrográfica, a Repartição Central de Meteorologia, a Repartição da Carta Marítima, a Superintendência de Navegação, a Diretoria de Navegação e finalmente a Diretoria de Hidrografia e Navegação.
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Já durante o governo de Getúlio Vargas, em 1930, a Ilha Fiscal foi ligada à das Cobras por meio de um molhe de concreto transformando-as em, geograficamente, em uma só ilha.
No início dos anos 1980, já no fim da ditadura militar, a Direção de Hidrografia e Navegação (DHN) foi transferida para a ponta da Armação, em Niterói, região metropolitana do Rio de Janeiro. A última organização militar que permaneceu na Ilha Fiscal foi o Grupamento de Navios Hidroceanográficos, até 1998.
O edifício da Ilha Fiscal foi tombado pela Prefeitura do Rio de Janeiro em 1990. A área vem passando por diversos trabalhos de restauração desde 2001, coordenados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Em uma dessas reformas foram restauradas as pinturas do teto, das paredes e do mosaico do piso de parque do torreão.
Um projeto de iluminação da Ilha Fiscal foi iniciado em 2006. A iniciativa da Marinha do Brasil possibilita que de diversos locais da Cidade Maravilhosa possa se ver a bela vista da Ilha e da construção de Del Vecchio.
O Baile da Ilha Fiscal
Quando se fala nesse local é inevitável não se pensar na famosa celebração. Ela ocorreu no dia 9 de novembro de 1889, um sábado, em homenagem aos oficiais do navio chileno “Almirante Cochrane”. Foi a última grande festa da monarquia antes da Proclamação da República Brasileira, em 15 de novembro, uma sexta-feira, seis dias após o baile.