Igreja de Nossa Senhora do Bonsucesso recebe a 101ª temporada da Orquestra Sinfônica da UFRJ

Evento solene acontece no dia 16 de abril, às 18 horas. A Igreja, último remanescente do Morro do Castelo, é a mais antiga do Centro, fica no Largo da Misericórdia e será reaberta em definitivo após anos fechada. A entrada é franca

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Igreja de Nossa Senhora do Bonsucesso / Wikimedia Commons

A ORQUESTRA SINFÔNICA da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) apresenta na sua 101a temporada, a Semana Santa no Brasil Colonial, com um concerto na Igreja de Nossa Senhora do Bonsucesso, no dia 16 de abril, às 18 horas. O evento, que tem entrada franca, conta com o apoio da Sérgio Castro Imóveis e da Irmandade da Misericórdia e Santa Isabel, dona da capela e controladora da Santa Casa da Misericórdia do Rio. Além disso, comemora a mais sagrada festa do Catolicismo: a Páscoa.

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A igreja, com 443 anos completos em 24 de março, é a única do Centro que possui estacionamento para 200 carros, gerenciado pela ESTAPAR. O momento para a irmandade que é dona do templo é de grande comemoração pois a Igreja será reaberta definitivamente para o público a partir da semana seguinte ao concerto. Ela vai funcionar de portas abertas ao público de 9 da manhã às 14h, em dias de semana. E volta a receber Missas, casamentos e batizados.

O Coro Sacra Vox e a Orquestra Sinfônica da UFRJ vão se apresentar, sob a regência da maestra Valéria Matos, executando as obras dos maiores compositores do período colonial brasileiro.

As obras sacras brasileiras, em sua grande maioria, foram criadas para as cerimônias litúrgicas católicas, por encomenda da Igreja, de irmandades e ordens terceiras. O público, através dos Senados da Câmara, também fez as suas encomendas.

As igrejas foram grandes centros de formação de instrumentistas, cantores e compositores, sob a responsabilidade do mestre de capela, que concentrava as obrigações de contratar e ensaiar os músicos, além de compor obras novas.

Uma das personalidades mais importantes no seu tempo foi José Maurício Nunes Garcia. O artista nasceu no Rio de Janeiro em 1767 e fez os seus estudos com Salvador José de Almeida e Faria, músico mineiro residente na cidade. A sua formação incluiu gramática latina, filosofia e retórica, entre outras disciplinas.

Aos 16 anos compôs a sua primeira obra, a antífona Tota pulchra es Maria, de 1783, dedicada à Catedral e Sé do Rio de Janeiro. Em 1792, ordenou-se padre, seis anos depois foi nomeado Mestre de Capela da Sé da cidade, localizada na Igreja de Nossa Senhora do Rosário, na atual Rua Uruguaiana.

Em 1808, após a chegada da família real portuguesa, a Sé foi transferida para a Igreja de Nossa Senhora do Carmo, na atual Praça XV, sendo transformada em Capela Real, da qual José Maurício foi nomeado mestre pelo Príncipe Regente D. João.

O músico compôs obras para a Capela Real, para diversas irmandades e igrejas da cidade, música instrumental para orquestra e teclados, música cênica e modinhas, somando mais de 200 obras de sua autoria arquivadas em acervos em diferentes cidades do Brasil e de Portugal.

Entre as obras de José Maurício que serão apresentadas na Semana Santa estão: a antífona Domine, Tu mihi lavas pedes?, de 1799, para a cerimônia do Lava Pés; o Moteto para a Quinta-feira Santa, Judas, mercator pessimus, de 1809; o Gradual Christus Factus Est, texto baseado em Filipenses 2,8-9 (Cristo se fez por nós); e as Matinas da Ressurreição, como o próprio título indica, foi composta para o Domingo de Páscoa do ano de 1809.

O grande José Maurício faleceu no Rio de Janeiro em 1830. Desde então foi reconhecido como o mais importante compositor não europeu de seu tempo.

Segundo historiadores, José Maurício deve ter conhecido José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita, que ocupava o posto de organista da Igreja da Venerável Ordem Terceira do Carmo, uma vez que o compositor mineiro faleceu no Rio de Janeiro em 1805. Lobo de Mesquita atuou no Arraial do Tejuco, atual Diamantina, e em Vila Rica, atual Ouro Preto, de onde partiu para o Rio de Janeiro em 1800.

O artista compôs a Sequentia Stabat Mater, texto do século XIII que retrata as dores de Nossa Senhora diante da crucificação de Cristo. O texto foi musicado por diversos compositores. O manuscrito pertence ao Museu da Música de Mariana (MG).

Com atuação em São João del-Rei (MG) entre 1786 e 1815, Antônio dos Santos Cunha é um compositor de origem desconhecida. O último registro conhecido de sua atividade musical é a partitura da Missa e Credo a cinco vozes, dedicada a D. Pedro I, em 1822. O manuscrito Sepulto Domino corresponde ao Responsório IX do Ofício de Sexta-feira Santa e pertence ao acervo da Orquestra Ribeiro Bastos, de São João del-Rei.

CONJUNTO SACRA VOX

Com 27 anos de existência, o grupo é coordenado pela Professora Dra. Valéria Matos e é um projeto de extensão e Grupo Artístico de Representação Institucional da Escola de Música da UFRJ. O Vox conta com Bruno dos Anjos, na assistência de direção, e Marcus Gerhard, na preparação vocal. O foco do projeto é o gênero sacro. Sacra Vox tem um currículo com centenas de concertos, apresentações didáticas, programas de rádio, TV e gravação de cinco CDs registrando a evolução estética da música coral brasileira, desde o século XVIII ao XXI.

VALÉRIA MATOS

Pesquisadora da música coral sacra brasileira, Valéria é professora de Regência Coral na Escola de Música da UFRJ e coordenadora do Conjunto Sacra Vox, projeto de extensão e Grupo Artístico de Representação Institucional da universidade, do qual é diretora musical e regente. As pesquisas de Valéria Matos no gênero resultaram nas gravações de cinco CDs: “Música Coral Sacra Brasileira nos Séculos XVIII e XIX”; “Música Coral Sacra Brasileira na Primeira Metade do Século XX”; “Música Coral Sacra Brasileira na Segunda Metade do Século XX”; “Música Coral Sacra Contemporânea Brasileira” e “Música Coral Sacra Brasileira do Século XX e XXI”.

De Nossa Senhora da Misericórdia à do Bonsucesso

Erguida no século XVII aos pés do Morro do Castelo, a Igreja de Nossa Senhora da Misericórdia é um marco histórico da história do Rio de Janeiro e na cultura católica. No início do século XVIII, foi rebatizada como Nossa Senhora do Bonsucesso.

A sua fachada data de 1780 e preserva elementos originais complementados por adições mais recentes, como a imponente portada esculpida em lioz português e a torre sineira, adornada por volutas e pináculos, coroando o frontão triangular típico do século XVIII.

A Irmandade da Misericórdia contratou recentemente o profissional Manoel dos Sinos para recolocar e fazer funcionar os sinos gigantes de bronze do tradicional templo. Hoje já tocam de forma automática.

O interior da Igreja reúne tesouros artísticos da primeira metade do século XIX, em estilo rococó. Os três retábulos meneiristas e um púlpito, originais da antiga igreja do Colégio dos Jesuítas foram meticulosamente preservados. No púlpito, pregaram José de Anchieta e Manoel da Nóbrega.

Na sacristia, há um belo e impressionante lavabo de mármore, com suas arcas, enquanto os estandartes do século XVIII, atribuídos a Manoel da Cunha, evocam a Paixão de Cristo durante as procissões dos “fogaréus”. O acervo conta ainda imensas telas sacras representando o batismo de Cristo, cujo autor permanece desconhecido.

Uma atmosfera sagrada é criada na Igreja de Nossa Senhora do Bonsucesso pela iluminação proveniente de onze grandes lustres de cristal da Boêmia, que geram um brilho celestial sobre os fiéis e os artefatos religiosos, testemunhas seculares de devoção e fé.

PROGRAMA

  1. José Maurício Nunes Garcia (Rio de Janeiro, 1767-1830) – Domine, Tu mihi lavas pedes? CPM198, para coro a capella (1799) 4’
  • José Maurício Nunes Garcia – Judas, mercator pessimus CPM199, para coro a capella (1809) 6′
  • José Maurício Nunes Garcia – Christus factus est CPM203 (Gradual e Ofertório para Quinta-feira Santa) 4’
  • José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita (Serro, 1746?-Rio de Janeiro, 1805) – Stabat Mater (Sequentia de Nossa Senhora das Dores) 7’
  1. Stabat Mater (Moderato)
  2. Eia Mater (Andante)
  3. Amem (Allegro)
  • Antônio dos Santos Cunha (São João del-Rei, c.1775-1822?) – Sepulto Domino (Responsório IX do Ofício de Sexta-feira Santa)
  • José Maurício Nunes Garcia – Matinas da Ressurreição CPM200 (1799) 18’
  1. Invitatório (Surrexit Dominus)
  2. Angelus Domini descendit
  3. Cum transisset sabbatum

Solistas:

Duda Espírito Santo e Júlia Félix (sopranos)

Thaísa Bastos (mezzo)

Mário Sampaio (tenor)

Calebe Faria (barítono)

Coro Sacra Vox

Orquestra Sinfônica da UFRJ

Regência de Valéria Matos

Serviço:

101a temporada

Dia 16 de abril de 2025, quarta-feira, às 18 horas

Igreja de Nossa Senhora do Bonsucesso

Largo da Misericórdia s/n – Centro

Entrada franca

Estacionamento pago na Santa Casa da Misericórdia

Rua Santa Luzia 206 – Centro

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