São inúmeras as igrejas tombadas na cidade do Rio de Janeiro. Entre tantas, muitas estão em péssimo estado de conservação. Nesta matéria, o DIÁRIO DO RIO mostra alguns desses prédios, históricos, que deveriam estar tendo maior cuidado por parte do Poder Público.
Por toda a cidade do Rio de Janeiro, nós vemos o péssimo estado de conservação de imóveis históricos. Nas zonas Norte e Oeste, muitas vezes, esses prédios são derrubados sem critério e ilegalmente. Com as Igrejas, que além de suas funções religiosas, recebem turistas, não vem sendo diferente.
Construída em 1850, a Igreja de Nosso Senhor do Bonfim e de Nossa Senhora do Paraíso, no Caju, Zona Central do Rio, foi tombada pelo município em 2007. Contudo, há mais de uma década, ela está completamente abandonada.
Teto de madeira desabando, paredes em ruínas e peças sacras roubadas. Essa é a dura realidade do templo que carrega tanta história.
“Levaram a balaustrada de jacarandá. Informações dão conta de que saiu por R$ 7 mil e, depois, um atravessador vendeu para comprador em Minas Gerais por R$ 30 mil”, conta Claudio Prado de Mello, diretor do Inepac.
Até alguns bancos de madeira foram furtados. “Está quase caindo. O que eu soube foi que a Diocese assumiu e iria reformar, mas isso foi no ano passado [2019] e até agora nada”, informa uma moradora da região.
Outro exemplo fica no bairro do Encantado, Zona Norte da cidade. A Paróquia São Pedro Apóstolo, tombada pela Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, mantendo a edificação do século passado, está em ruínas. E não é de hoje.
De acordo com um blog São Pedro Apóstolo, a Igreja, quando ficou totalmente pronta, em 1940, fazia referências às capelas medievais, mantendo o caráter popular do início do século XVIII, quando o ecletismo era modelo dominante. A fachada principal, revestida de pó de pedra – característica do estilo art-déco – é decorada por uma portada arrematada por volutas, neocolonial, coroada por nicho onde se dispõe a imagem do orago, São Pedro. Imagem, provavelmente do templo primitivo, com 1m50 de altura protegida por vidro.
Contudo, dessa descrição só sobrou a história. Basta ver uma imagem recente da Igreja.
Uma das mais famosas igrejas da cidade, a dos Capuchinhos, na Tijuca, não está a salvo de tamanho descaso do Poder Público. Segundo informações passadas à reportagem do DIÁRIO DO RIO, recentemente, o templo do padroeiro do Rio, também tombado pelo Município, estava com infiltrações e rachaduras no telhado e na fachada. Além de problemas de conservação nos vitrais.
“Por serem imóveis tão antigos, os cuidados têm que ser frequentes. Não pode deixar tanto tempo sem pequenas reformas na estrutura e na parte estética, também”, pontua o engenheiro Vinicius Lopes.
Como mostra essa matéria do DIÁRIO DO RIO, a Igreja, que ficou pronta em 1931, tem profunda ligação com nosso munícipio.
“O Rio de Janeiro, como outras cidades brasileiras com origem no período colonial, tem inúmeras igrejas. Muitas delas pertencem a ordens religiosas de leigos, as ordens terceiras. No século XVIII a vida social da cidade girava, em grande parte, em torno da religião, o que envolvia novenas, missas e coletas de fundos para construção de igrejas. O mundo mudou, a afluência às igrejas se reduziu, e muitas dessas ordens se viram sem recursos para manutenção. Exemplo disso é a Igreja de São Elesbão e Santa Efigênia, no Centro, de uma irmandade negra. Ela é tombada pelo Inepac e tem sérios problemas estruturais. A arquidiocese ainda consegue, de alguma forma, levantar recursos para reforma e manutenção de suas igrejas, o que não é o caso das irmandades mais pobres”, informou o arquiteto e urbanista Roberto Anderson.
Procurado pela reportagem, o Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH), órgão municipal e responsável pelos tombamentos e conservação das igrejas citadas no texto, ainda não retornou os contatos.
Cadê o IPHAN para atuar? Não é este o órgão competente? IPHAN, querido, faça o seu trabalho!