Mais uma boa notícia para o Centro do Rio de Janeiro: o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) vai migrar parte o seu corpo funcional para o Edifício Sulacap, localizado na Rua da Alfândega 41, em frente ao Palácio da Democracia. O edifício, construído em estilo Art Déco pela Sulamérica Capitalização, estava totalmente desocupado.
Em julho do ano passado, o Tribunal transferiu boa parte dos seus funcionários da sua sede para o imponente e histórico Palácio da Democracia que, no entanto, não comportou todo o funcionalismo da instituição, obrigando-a a deixá-los alojados nos antigos prédios na Avenida Presidente Wilson. Com o fim do home office, uma tendência mundial, cada vez mais empresas vêm retornando ao trabalho presencial, e a tendência já começa a se espalhar pelo setor público.
Por estar situado em frente ao Palácio, o Sulacap tornará viável uma maior integração entre as unidades, além de contribuir para a revitalização do Centro do Rio, que nos últimos anos tem passado para uma série de transformações corporativas, imobiliárias, gastronômicas, culturais e religiosas.
O Sulacap conta com uma área construída de 7,2 mil metros quadrados e foi revitalizado, recentemente. A edificação, que estava desocupada, representa uma oportunidade para a Justiça Eleitoral concluir a migração de toda a sua equipe da sede para as novas instalações integradas.
A mudança deve assegurar melhores condições de trabalho ao quadro de servidores e magistrados, permitindo uma significativa melhora na qualidade dos serviços prestados à população.
O TRE-RJ negociou a aquisição do imóvel junto à Prefeitura do Rio e vai ocupá-lo por meio de um termo de cessão de uso de 50 anos. Entre os compromissos assumidos pelo Tribunal na transação é de transferir o seu imóvel ocupado na Avenida Rodrigues Alves para o município, por meio da Secretaria de Patrimônio da União. A área federal é de interesse da municipalidade em função do projeto Porto Maravilha. Trata-se de uma troca.
À movimentação gerada pela ocupação do Edifício Sulacap soma-se uma série de transformações pelas quais têm passado a região central da cidade após anos de decadência, agravados pela pandemia da Covid-19.
Desde então parcerias entre o poder público e a iniciativa privada tem trazido vida às ruas do Centro, por meio de construções condominiais, retrofitagens de prédio antigos e casas e casarões históricos, aberturas de centros culturais, de restaurantes, bares e botecos, além da retomada das atividades em templos católicos locais há muito esvaziados e vilipendiados.
Um dos motores dessa transformação é a Aliança Centro-Rio, criada para promover revitalização e o desenvolvimento da região, com base em parcerias público-privadas, com financiamento de proprietários de imóveis locais.
Por meio da instituição, a zeladoria da região central da cidade ganhou um novo impulso que pode ser visto nas melhorias das condições da iluminação, do calçamento das ruas, da segurança e do paisagismo local, por exemplo.
A Aliança Centro-Rio foi inspirada no projeto canadense Business Improvement Discrict (BIDs), voltado para a revitalização de áreas urbanas com o apoio de proprietários e empresários, que ficam responsáveis pela zeladoria da região adotada.
De acordo com o projeto, o setor privado também é responsável pela criação de campanhas promocionais para atrair público e novos negócios, o que tem acontecido no Centro do Rio, com a abertura de negócios e construção de condomínios, que demandam investimento público para a gerar a infraestrutura necessária para receber os novos moradores.
Um dos exemplos recentes foi a venda do icônico prédio da Mesbla, na Rua do Passeio, que deixará de ser corporativo para se transformar em prédio residencial, através do programa Reviver Centro, retomando, assim, à sua vocação original. Parte do empreendimento continua voltado para o uso empresarial e está quase todo o ocupado por grandes empresas.
Uma pesquisa feita pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscom) mostrou que 66% dos compradores de imóveis do Reviver Centro são famílias com renda de até dez salários-mínimos, mas a região atrai variados perfis de compradores de imóveis, incluindo investidores de olho no aquecimento da locação de Flats por temporadas curtas e com bons níveis de retorno.
No embalo das transformações imobiliárias da região, segue a vida cultural do Centro do Rio, que estava relegada à obscuridade pela decadência dos espaços existentes e pela criminalidade.
No ano passado, a Prefeitura se reuniu com um grupo de produtores culturais com projetos credenciados no Reviver Centro Cultural para assinatura do Termo de Adesão ao programa. Na ocasião, o poder público municipal projetou que o programa deve gerar um retorno de mais de R$ 100 milhões para a economia carioca em 4 anos.
O Reviver Centro Cultural recebeu a inscrição de dezenas imóveis e de projetos culturais, como livrarias, galerias de arte, escolas de dança e escolas de fotografia, e até museus, como o da Caricatura, na esquina da Primeiro de Março com a Ouvidor; e do Museu do Café, em frente à Igreja de Nossa Senhora da Lapa dos Mercadores.
As casas em funcionamento, com o apoio e investimento da Prefeitura, têm atraído visitantes em seu horários estendidos, à noite e aos fins de semana. As ações das calçadas são atrativos previstos no projeto para levar mais gente ao Centro e aumentar o movimento da região. Entre as instituições que assinaram o documento está o Diário do Rio de Cultura, braço cultural do jornal que funcionará no térreo, abaixo da redação do DIÁRIO.
As lojas já existiam e estavam fechando. Mostra que o Centro só se alavanca com gasto público. Edifício Serrador com a Câmara do Rio, só pra citar um exemplo. Como o Judíciário está com grana de taxas cartorárias e verbas de orçamento sem limite sobrando, vai construindo foruns regionais “deluxe” e abarcando o melhor do mercado imobiliário. Como fizeram na Praça XV e o Distrito da Justiça ali instalado.